A Eletrobrás vale apenas uma fração de outras semelhantes?

Roberto Pereira D´Araujo

Infelizmente, no Brasil, há certos momentos que até a lógica parece desaparecer. Empresas de energia elétrica em todo o planeta vendem o mesmo produto, o kWh. Ao contrário do petróleo e seus derivados, não há diferença entre kWh de qualquer empresa. Não há um kWh “melhor” do que outro. Nessa forma final de energia, o kWh não se diferencia. Com 1 kWh um consumidor pode ligar 10 lâmpadas de 10 W por 10 horas em qualquer país.

Portanto, empresas de energia elétrica, entre elas a Eletrobras, não deveriam ter valores de mercado extremamente diferentes.

Mas vejam os valores das 10 maiores empresas elétricas segundo o site Statista:

https://www.statista.com/statistics/263424/the-largest-energy-utility-companies-worldwide-based-on-market-value/#:~:text=Market%20value%20of%20global%20electric%20utilities%202021&text=NextEra%20Energy%2C%20headquartered%20in%20Florida,of%20105.4%20billion%20U.S.%20dollars

Segundo o governo, a Eletrobras será capitalizada por R$ 62 bilhões, ou aproximadamente US $ 11,7 bilhões, ¼ do valor da décima colocada, a Inglesa National Grid.

Essa empresa explica em seu site:

We help to connect you to the electricity you use. Every time you plug in your phone or flick a switch, we’ve played a part. We own the electricity transmission network in England and Wales, and we make sure electricity reaches homes and businesses safely, reliably and efficiently.

Como se pode ver acima, é uma empresa de transmissão. Não tem usinas. Ela simplesmente transporta as correntes elétricas produzidas por vários geradores. Numa forma aproximada, a figura acima mostra a extensão dessas linhas.

Segundo a própria Eletrobras, as linhas de transmissão da empresa têm distâncias incomparáveis. Mais de 72.000 km trafegam por esse imenso território. Isso significa percorrer o território do Reino Unido 72 vezes.

Além disso, a Eletrobras conta com 49 usinas hidrelétricas, 10 termelétricas a gás natural, óleo e carvão, 43 usinas eólicas e uma usina solar. Portanto, se o Brasil levar avante esse processo, por ¼ do valor da National Grid, o controle privado levará “de brinde” todo esse potencial de geração de energia.

Como a maioria de suas usinas são de hidroelétricas, seu custo operacional é mais baixo do que empresas ainda com muita fonte térmica. Resta saber se há custos de pessoal que expliquem essa perda de valor.

Como se pode ver abaixo, o índice de empregados por MW sempre esteve abaixo de outros exemplos internacionais.

Então, o que pode explicar essa enorme diferença?

Esperamos que a sociedade se interesse em saber quais caminhos tortuosos nos levaram a essa verdadeira liquidação.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *