Aneel revoga importação de 3 mil MW da Argentina pela Tradener
De acordo com o presidente da comercializadora, os pedidos de revogação devem-se aos problemas econômicos externos no país vizinho
Oldon Machado, Expansão
06/06/2002
Seguindo a tendência de arquivamento do programa de importação de energia elétrica, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) revogou a autorização concedida à Tradener, para importar 3 mil MW da Argentina. É a segunda operação da comercializadora nesse sentido que a agência revoga este ano. Em janeiro, a importação de 150 MW da Bolívia foi retirada.
De acordo com o presidente da Tradener e da Abraceel (Associação das Empresa Comercializadoras de Energia Elétrica), Walfrido Ávila, os pedidos de revogação partiram da empresas, e foram decididos em comum acordo com a Aneel. "Os problemas econômicos externos, principalmente na Argentina, tornam inviáveis qualquer tipo de operação nesse sentido atualmente", diz.
Ávila ressalta, entretanto, que as revogações dos direitos de negociação poderão ser revertidas a qualquer momento, desde que ocorram melhoras consideráveis no cenário externo do Mercosul. Além da Tradener, a empresa Energia do Sul (EDS) também teve revogada, no início de maio, a importação de 1,2 mil MW da Argentina.
No cronograma de aumento da oferta de energia, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, a previsão inicial era de que o país ganhasse 1.188 MW através de importações este ano. Desses, apenas 78 MW foram efetivados, e o restante já está descartado para a previsão do restante do ano.
Como se sabe a Tradener tem um contrato de 20 anos com a COPEL , firmado sem licitação , para prestar serviços de compra e venda de energia à concessionária . Na época da tentativa de privatizar a COPEL , o Sindicato dos Engenheiros no Paraná denunciou que Donato Gulin , financiador de campanhas do Governador Lerner era um dos sócios da Tradener e uma Liminar interposta pelo advogado Daniel Ferreira de Curitiba, suspendeu o contrato da Tradener com a COPEL , mas foi derrubada três meses depois.
A possibilidade de livre comercialização de energia é a base do "modelo de mercado" , por isso, até mesmo defensores ferrenhos deste modelo , estranham que uma concessionária tenha compromisso com uma única comercializadora , o que contraria os princípios da competitividade.
Ganhando 2% de todas as operações de compra e venda da COPEL, a Tradener pode ser vista como um tipo de "cartório" que encarece desnecessáriamente as tarifas, pois mesmo que outra comercializadora tenha energia mais barata para vender , a transação deve ser feita através da empresa do amigo do Governador.
O Ilumina espera que a Justiça julgue o mérito dessa ação sobre a legalidade do contrato , e que a COPEL esclareça se terá algum prejuízo com a revogação da importação dos 3 mil MW , como por exemplo , se houve algum pagamento antecipado.