As marteladas na Eletrobras II – Registro

Alguém se lembra do racionamento de 2001? A hidrologia de 2001 não foi nenhuma desgraça natural. Os dados mostram que foi uma seca média. No histórico de afluências há pelo menos uns 15 anos piores. No entanto, procurem na internet se existe algum país que foi obrigado a reduzir seu consumo em 25% sem guerras ou desastres naturais.

O governo queria vender usinas e linha prontas e, evidentemente, o capital esperava. O investimento secou. As estatais estavam proibidas de fazer investimentos para serem ativos atraentes. Quanto menos obrigações futuras melhor.

O consumo caiu 25% e, depois do fim do decreto, continuou 15% inferior à tendência anterior. Para se ter uma ideia do que significa “sumir” com 15%, é como se todo o consumo dos estados da região nordeste tivesse desaparecido.

Até o final de 2002, havia contratos de suprimento com as distribuidoras que, conforme projeto do governo FHC, seriam cancelados. Ao se iniciar 2003 (sob um novo governo!), esses contratos, majoritariamente da Eletrobras, foram sendo cancelados 25% em cada ano, cumprindo exatamente o projeto do governo anterior. Mesmo sendo mais baratos do que vários outros preços, essa foi a decisão.

Os que pensam que existe uma competição verdadeira no nosso sistema, logo imaginariam que, usinas que perderam os contratos, não gerariam energia. Totalmente enganados.

Abaixo, o total de geração e o total hidroelétrico de 2003 até 2007. Como se pode ver, as hidroelétricas geraram 90% ou mais do total durante muito tempo. Isso mostra que a perda de contrato não se reflete no mundo real.

Perdendo os contratos e sendo obrigadas a gerar por serem hidroelétricas, que valor recebiam?

Como se pode ver, até 2007 o preço permaneceu abaixo de R$ 20/MWh.

Como a maioria das hidroelétricas eram da Eletrobras, um grande prejuízo foi gerado. Essa energia de preço irrisório substituiu energia térmica que, sem precisar gerar, poderiam manter seus contratos ou repassar o direito de “liquidar” essa energia hidráulica liquidadas ao preço do gráfico.

As usinas que não pertenciam à Eletrobras ainda puderam tentar algum contrato no mercado livre, mas, por ordem do acionista majoritário, a Eletrobras ficou à mercê da descontratação.

No final de 2004 o governo fez um complexo leilão da energia existente. A Eletrobras foi obrigada a colocar toda a sua capacidade e firmar contratos de 8 anos. Como o consumo tinha caído, não conseguiu vender tudo e, mais uma vez, boa parte da sua oferta ficou à mercê da captura de energia barata até 2008. E assim se completa a martelada II.

 

 

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