Brasil, cada vez mais, o bufão da economia mundial – Análise

  • Basta pesquisar quais são os países que, dentre sua matriz elétrica, têm o predomínio da hidroeletricidade para perceber que, se o Brasil privatizar o controle da sua empresa pública Eletrobras, será o único a fazê-lo no planeta Terra.
  • O líder absoluto de produção hidroelétrica é a China com mais de 900 TWh de energia advinda de suas usinas hídricas, mas representando apenas 15% da sua necessidade. Energia predominantemente estatal.
  • O segundo colocado é o Brasil cuja produção ultrapassa 400 TWh. Muitos erros reduziram o desempenho das hidroelétricas, que hoje respondem por aproximadamente 70% do consumo. Mas, devido a seu clima tropical, já atingiu a 90% da nossa demanda total.
  • O terceiro colocado é o Canadá com pouco mais de 350 TWh, cobrindo mais de 70% de seu consumo. As províncias Quebec e British Columbia, por contarem com grandes reservatórios, têm os sistemas mais semelhantes ao brasileiro em termos da singularidade de grande estoque de água. Predomínio absoluto do controle estatal.
  • Os quarto e quinto colocados são Estados Unidos e Rússia com 270 TWh e 160TWh respectivamente. Nos Estados Unidos essa energia hidroelétrica representa apenas cerca de 8% de seu consumo total. Mesmo assim, as grandes usinas pertencem ao estado através do Corps of Engineers ou do Exército. A Russia tem suas grandes usinas também sob controle do estado através da RusHydro (Hydro-OGK).
  • A Noruega, 6ª colocada, é o país que praticamente só consome energia hidroelétrica. Com mais de 140 TWh, todas as suas usinas são estatais.
  • Completam a lista dos 10 países com maior produção hidroelétrica a India, Venezuela, Suécia e Japão. A India (120TWh) com apenas 12% de seu consumo total, a Suécia (78TWh) com 55%, a Venezuela (80TWh) com 80% e o Japão (75TWh) com apenas 7%. Nessa lista dos quatro últimos, apenas o Japão tem sua hidroeletricidade toda sob controle privado, mas com um peso muito pequeno no seu consumo total.
  • Portanto, considerando apenas a importância da forma de produção na matriz, se o Brasil privatizar a Eletrobras, será o único a adotar essa política no planeta terra.
  • Usinas hidroelétricas em países desenvolvidos exercem muitas outras funções além da geração de energia. Exemplos paradigmáticos são as do Rio Danúbio com suas eclusas, as usinas do Rio Tenesse operadas pela estatal Tenesse Valley Authority, Durance -Verdon na França. Para uma avaliação completa ver MULTIPURPOSE WATER USES OF HYDROPOWER RESERVOIRS – World Water Council – 2015
  • Usinas hidroelétricas não são apenas “fábricas de kWh”. Formados sobre uma geografia de planaltos, os reservatórios brasileiros ocupam grandes extensões e atingem áreas equivalentes aos grandes lagos naturais do mundo.
  • Como exemplo, o reservatório da usina de Furnas no Rio Grande ocupa uma área de 1440 km2, equivalente a quatro baías da Guanabara. O reservatório de Sobradinho no Rio São Francisco tem a mesma área do Great Salt Lake em Utah, Estados Unidos. São exemplos que dão uma vaga ideia sobre o que está por trás das barragens.
  • Desde a implantação dessas usinas, relações econômicas e institucionais foram sendo formalizadas ao longo do tempo. Portanto, elas nem poderiam ser entendidas apenas como fontes de eletricidade. Na realidade, abastecimento d’água, transporte fluvial, turismo, saneamento, agricultura, pesca e outras atividades estão fortemente conectadas às usinas.

O que nos coloca como o país mais grotesco é que estamos prestes a nos desfazer de empresas estratégicas e com história simplesmente porque não conseguimos controlar o estado brasileiro. Sob a falsa ideia de “eficiência” vamos ficar só com o congresso, os ministérios, as autarquias e os probos políticos que formam essa estrutura.

 

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