Comentários sobre trechos da entrevista do provável futuro Ministro de Minas e Energia à Agência INFRA

O engenheiro Luciano de Castro Engenheiro formado pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e com mestrado e doutorado pelo IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada).

“O que estou fazendo agora nesse esforço da campanha é conversar com os agentes, ouvir. Essa tônica de ouvir vai se manter caso venhamos a ser governo”, afirmou ele em entrevista exclusiva à Agência INFRA. Leia a seguir os principais trechos da conversa:

Pergunta: O modelo atual vive uma situação muito crítica com uma inadimplência de R$ 8 bilhões no mercado de curto prazo da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) e uma explosão tarifária. Como reverter?

Resposta: Esse modelo atual, desde o seu nascimento em 2004, 2005, foi pensado como se não houvesse mercado livre. A lógica da expansão era com base no mercado regulado e tudo funcionaria muito bem fazendo de conta que não havia mercado livre. Obviamente que com a expansão do ACL, o modelo foi ficando cada vez mais problemático.

Ao longo do tempo foram feitos vários ajustes. Surgia um problema, e o governo ia lá com uma regra para resolver, mas acabava criando mais outros três problemas.

Aí vai numa explosão e se chega onde estamos hoje. Não há incentivos claros para redução de custos porque tudo é dividido, com subsídios cruzados para cima e para baixo.

As ineficiências são repartidas. Não há sinais de preços. As regras são complexas e não transparentes. E a gente vê, por conta desse autoritarismo do governo, a judicialização travando o mercado livre.

Análise do ILUMINA:

  1. “O modelo atual nasceu em 2004, 2005.”

Na realidade, ele nasceu em 1995. As modificações realizadas pelo governo Lula não alteraram o caráter mimetizado e fragmentado da ideia original.

  1. “Fazendo de conta que não havia o mercado livre”??

Ao contrário! O mercado livre foi incentivado a existir e recebeu subsídios para isso. Além dos subsídios explícitos, recebeu incentivos oclusos que podem ser visualizados no gráfico abaixo do PLD (curva vermelha- preço de referência do mercado). Foram 10 anos de subsídios oclusos. Basta compará-lo com o preço médio do MWh no mercado residencial. Quando quase 30% do consumo paga pouco, o resto paga muito.

  1. “Não há sinais de preços. As regras são complexas e não transparentes. E a gente vê, por conta desse autoritarismo do governo, a judicialização travando o mercado livre”

Tente dizer aos comercializadores que o PLD não é sinal de preço!  Basta assistir as apresentações dos Planos Mensais de Operação para perceber que o interesse está todo voltado para esse misterioso preço. O futuro ministro talvez não tenha entendido o problema. A transparência no mercado livre é ZERO! Muito apreciaríamos saber sua opinião sobre esse fato. A complexidade está ligada ao modelo de individualização da garantia energética num sistema cooperativo e de energia natural com grande variância. 

  1. “E a gente vê, por conta desse autoritarismo do governo, a judicialização travando o mercado livre.”

O autoritarismo do governo é indiscutível, mas foi exercido principalmente contra a Eletrobrás. A judicialização do mercado livre é fruto exclusivo das regras vigentes criadas e aprovadas pelo “mercado”.

A entrevista é mais longa, mas resolvemos analisa-la por partes.

  2 comentários para “Comentários sobre trechos da entrevista do provável futuro Ministro de Minas e Energia à Agência INFRA

Deixe um comentário para José Antonio Feijó de Melo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *