Roberto Pereira D’Araujo
Quem tiver a paciência de assistir ao pequeno vídeo do último programa Painel da GloboNews, vai assistir o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, respondendo ao ex-presidente do INPE aos 2 minutos e 30 segundos, com um questionamento que demonstra o grande risco que correm as instituições e empresas estatais no governo Bolsonaro:
Quem não conseguir assistir, o que foi perguntado ao Dr. Ricardo Galvão, presidente demitido do INPE, foi:
– Por que essas instituições que o Sr. cita, não fizeram o que o senhor recomenda antes?
Isso foi mais do que um lapso de linguagem! O ILUMINA não é psicólogo, mas Freud explicaria que o Ministro do Meio Ambiente confunde o INPE e outras instituições como o governo do PT. Evidentemente, o Dr. Ricardo Galvão respondeu o óbvio. As instituições “fizeram”. Quem não fez foi o governo!
Isso nos leva ao caso da Eletrobras, tantas vezes acusada de “ineficiência” pelo seu próprio atual presidente, Wilson Ferreira. Isto pode ser verificado nos links abaixo.
https://exame.abril.com.br/negocios/sindicatos-querem-indenizacao-por-fala-de-ceo-da-eletrobras/
Como já mostramos muitas vezes na nossa página, a ineficiência não nasceu dentro da empresa pública Eletrobras. Ela foi imposta pelo controlador, o governo. Pior! Foi prática de vários governos, teoricamente “opositores”.
- Quem disse que a ideia de comprar distribuidoras rejeitadas pelo mercado na década de 90 e que geraram prejuízo para a empresa nasceu dentro da Eletrobras? Governo FHC!
- Quem disse que a perda de contratos iniciais durante o pós racionamento, que obrigou as usinas da Eletrobras a continuar gerando e praticamente “doando” energia para o mercado livre surgiu dentro da Eletrobras? Governo Lula!
- Quem disse que a consequência dessa decisão criou um preço “spot” que se viciou em contratos de curto prazo que fez um mercado que não sustenta a expansão da oferta foi criada dentro da Eletrobras? Governo Lula!
- Quem disse que o socorro das Sociedades de Propósito Específico, onde a estatal é minoritária para garantir a expansão da oferta surgiu da equipe da Eletrobras? Governo Dilma!
- Quem disse que intervenção tarifária da MP 579, que reduziu as “tarifas” das usinas hidráulicas da estatal como única atitude para conter a explosão tarifária que ocorre desde a mercantilização surgiu dentro da Eletrobras? Prejuízos impostos! Governo Dilma!
- Quem disse que a Eletrobras reconhece que tem muitos empregados e precisa mandar seus técnicos embora independente de sua expertise, quando, na realidade, é a que tem o menor índice empregado/MW? Governo Temer!
Quando um país tem governos que não reconhecem instituições com experiências técnicas, com registros de história e com a possibilidade de reduzir riscos em áreas que podem trazer insegurança para todos, a crise é muito grave.
Estamos perante o conceito básico de uma nação. Estado e governo não são a mesma coisa, assim como Alho e Bugalho. Países desenvolvidos, tão capitalistas quanto se queira, sabem criar regras que preservem as instituições de serem sacrificadas para consertar os erros dos governos. O Brasil não sabe, destrói sua história e a sociedade desinformada aplaude!
1 comentário para “Confundindo Alhos com Bugalhos”