Contas de luz sobem quase 30% em 2015 – Valor

Comentário:

O comentário do Dr. Mario Veiga chama a atenção de que os aumentos de 2015 são, na sua maioria, advindos de decisões de anos anteriores. Essa dependência com o passado é também observada quando se examina a formação de preços do sistema.

Observem os 3 gráficos abaixo:

1 – Geração térmica (GWh) 2011 – 2014

2 – Histórico do PLD (CMO) 2009 -2014

3 – Disponibilidade de geração térmica por CVU (R$ / MWh)

É evidente que a situação atual é dependente do que ocorreu antes da MP 579 em setembro de 2012.

A – A formação de preços antes da MP 579, estranhamente, foi muito diferente da atual.

B – Parte das térmicas com preços abaixo de R$ 200/MWh não foram utilizadas.

C – Cerca de 60 TWh (25% da reserva total) poderiam estar armazenados nos nossos reservatórios caso a formação de preços fosse diferente.

D – O uso dessas térmicas mais baratas antes de setembro de 2012 poderia reduzir o custo de operação em cerca de 30%.

Parece que a “prudência” foi uma qualidade que faltou, não só nos sinais para o consumidor, mas também na operação do sistema. Ou se examina a fundo o modelo e seus preços ou permaneceremos com crises incontornáveis.


 

Por Daniel Rittner | De Brasília

 

Pressionadas de todos os lados, as contas de luz vão acelerar seus reajustes e subir quase 30% no ano que vem, conforme novas projeções do setor privado. As estimativas foram atualizadas após o aumento da energia proveniente da usina binacional de Itaipu, aprovado na semana passada, e mudanças recentes no preço-teto do megawatt-hora no mercado de curto prazo. Também leva em conta os efeitos de concessões de hidrelétricas que retornam às mãos da União, em julho de 2015, com tarifas inferiores às praticadas atualmente.

 

O resultado das simulações é preocupante. A PSR, consultoria presidida pelo engenheiro Mário Veiga, prevê um reajuste em torno de 29% nas faturas residenciais. As tarifas médias vão atingir R$ 444 por megawatt-hora – ainda sem incluir ICMS e PIS-Cofins.

 

“Um dado em particular chama a atenção: a maior parte dos componentes de custos que vamos pagar em 2015 ocorreu nos dois anos anteriores”, afirma Veiga. Para ele, o governo não adotou a postura mais prudente ao segurar tanto os últimos reajustes, adiando o repasse aos consumidores pelo acionamento intenso das térmicas e pelas despesas para socorrer as distribuidoras que ficaram descontratadas.

 

“Isso mostra a importância de sinalizar a escassez na época em que ela está ocorrendo. Se os consumidores soubessem como estava cara a energia em 2013 e em 2014, muito possivelmente já teria havido uma redução espontânea do consumo, que seria boa tanto para o bolso de todos nós como para a segurança do abastecimento”, afirma o consultor.

 

Para aliviar os reajustes de tarifas, o Tesouro Nacional fez aportes bilionários na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o “superfundo” que bancou a redução de 20% nas contas prometida pela presidente Dilma Rousseff em 2012. Neste ano, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) tomou empréstimos de R$ 17,8 bilhões no mercado financeiro para socorrer as distribuidoras. O pagamento pelos consumidores ocorrerá ao longo dos próximos três anos.

 

Uma parte da “dolorosa” começa a ser aplicada logo em janeiro. Com o sistema de bandeiras tarifárias, os consumidores terão um sinal quase imediato de preço, que será identificado pelas cores verde (sem necessidade de uso das térmicas), amarela (necessidade média) e vermelha (necessidade maior). O sistema antecipa os reajustes que já são aplicados.

 

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) calcula que, devido ao baixo nível dos reservatórios, as térmicas continuarão sendo acionadas com força e as bandeiras ficarão vermelhas por todo o ano de 2015.

 

“Já avisamos aos nossos associados que, por causa das bandeiras, eles devem esperar um aumento de 11% logo no início do ano. De saída, é um impacto brutal”, diz o gerente de competitividade industrial da Firjan, Cristiano Prado. O restante do reajuste seria aplicado conforme o aniversário contratual de cada distribuidora. No total, a federação estima uma alta de 27,3% no ano que vem, com a tarifa média subindo de R$ 360,7 para R$ 459,2 por megawatt-hora. Quando o pacote de redução das contas de luz foi anunciado por Dilma, em 2012, esse valor estava em R$ 332.

 

“A indústria está desesperada com a trajetória dos preços da energia”, afirma Prado. Segundo ele, isso se traduz em preços mais altos dos produtos finais ou compressão das margens praticadas, com reflexos negativos em investimentos e contratação de mão de obra. Para diminuir um pouco o impacto, a Firjan sugere desonerar a indústria de tributos na parte da tarifa que corresponde ao pagamento dos aportes e empréstimos.

 

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