Distribuidoras da Eletrobrás serão leiloadas em julho e agosto – Estadão

Análise do ILUMINA: Quanto vale uma empresa num horizonte de 30 anos? Difícil responder, não?

Mas, o atual presidente da Eletrobrás sabe que valem 6 carros populares e não está barato! Para justificar sua acalorada defesa dos compradores, diz que eles, coitados, terão que investir R$ 2,4 bilhões no futuro! 

Óbvio, se quiserem ter lucro! Terão que enfrentar algo que o Dr. Wilson nunca cita, a inadimplência de órgãos públicos e até de empresas. Terão de enfrentar perdas comerciais e perdas elétricas decorrentes da desordem das redes de distribuição que são visíveis em qualquer estado brasileiro, não só nos estados das distribuidoras a serem vendidas.

Entretanto, o mais interessante é que o atual presidente da Eletrobras nunca cita qual foi o investimento feito nos últimos anos nessas empresas. Segundo os relatórios de administração da Eletrobrás, de 2011 até 2017, apenas 7 anos, a Eletrobras investiu R$ 8,4 bilhões, mais do que o triplo do comprometimento dos futuros compradores.

Que tal comprar uma empresa de um estado problemático, endividada, mas levar “de grátis” subestações, linhas de transmissão, redes novas de distribuição que, além de não terem sido amortizadas, ainda não tiveram tempo de produzir o efeito benéfico que qualquer ativo novo faz à uma empresa? Vai ser ótimo! Logo após a privatização, os compradores vão poder se gabar daqueles investimentos recentes da Eletrobrás como se fossem do pujante setor privado. E a mídia aplaudirá freneticamente. O Brasil vende empresas sob uma filosofia que ninguém pratica. Qualquer um, ao vender um apartamento, mostra as melhorias feitas. O Dr. Wilson faz o contrário. Diz pro comprador: Olha! O sr. vai ter problemas!

A pujança privada à brasileira também pode ser admirada com os aeroportos e estradas cujos contratos de concessão estão sendo quebrados com a devolução da responsabilidade apesar de novos aportes do tesouro. Preparem-se!

Roberto Pereira D’Araujo


Anne Warth, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Com a queda da liminar que impedia o leilão das distribuidoras da Eletrobrás, o BNDES divulgou nesta quarta-feira, 18, as novas datas da licitação. No dia 26 de julho, só a Cepisa (Piauí) será leiloada. As distribuidoras do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima serão licitadas no dia 30 de agosto, após a aprovação do projeto de lei aprovado na Câmara e que tramita no Senado.

Em relação à Ceal, de Alagoas, uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski impede a realização do leilão devido a uma disputa financeira entre os governos estadual e federal. Nesta quarta, terminou sem acordo uma reunião sobre o assunto entre o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o governador do Estado, Renan Filho.

Governo vai ofertar apenas a distribuidora Cepisa, da Eletrobrás, no leilão marcado para o dia 26. Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O impasse vem desde 1998, quando a Ceal foi assumida pela Eletrobrás. Na época, a União repassou recursos ao Estado, que seriam pagos quando a distribuidora fosse privatizada. A União alega que o Estado é devedor e tem que quitar o valor adiantado. Já Alagoas defende que teria R$ 200 milhões a receber por ter repassado a estatal para a Eletrobrás, que não privatizou a distribuidora e depreciou seu valor de mercado desde então.

Juntas, as distribuidoras dão prejuízo de cerca de R$ 300 milhões por mês para a holding, ou R$ 10 milhões por dia. Isso poderá ser revertido com corte de custos de operação e manutenção, planos de demissão voluntária e financiamentos mais baratos.

Havia dúvidas se o governo optaria por licitar no dia 26 apenas a Cepisa, como foi definido, ou Cepisa, Ceron e Eletroacre.

Cada uma das empresas será vendida por R$ 50 mil, e vencerá a disputa quem oferecer o maior desconto na tarifa vigente hoje em cada região. O valor foi considerado por empregados e parlamentares da oposição como muito baixo, e levou os sindicatos a levantarem a hipótese de se reunirem para arrematar as empresas no leilão. Mas, diante da obrigação elevada de investimentos logo na saída, a ideia foi descartada.

O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, disse que as distribuidoras da estatal não estão baratas, vão precisar de investimentos bilionários e de muito tempo para darem retorno aos novos acionistas.

O executivo compara a compra dessas empresas a um casamento, com a diferença de que, no caso das distribuidoras, apesar de todas as dificuldades inerentes à “relação”, é preciso permanecer no negócio, pois o retorno só se dará no longo prazo. “A diferença é que nesse casamento, o investidor vai ter que ficar 30 anos. Ele vai precisar dos 30 anos para obter esse retorno”, disse, em entrevista exclusiva ao Broadcast/Estadão.

“Não existe essa moleza ou esse almoço grátis que estão falando. Dizem que o preço de compra equivale ao valor de seis carros populares. Mas no dia em que os investidores comprarem as empresas terão de depositar R$ 2,4 bilhões em investimentos, como se fosse um ‘dote’”, comparou. “E, apesar disso, o investidor já estará devendo R$ 10 milhões, e mais R$ 10 milhões no dia seguinte. Já na primeira semana serão R$ 70 milhões”, disse, lembrando do prejuízo diário de cerca R$ 10 milhões.

Ferreira Jr. negou que o repasse de furtos de energia terá custo bilionário na conta de luz e disse que o impacto será de R$ 237 milhões ou 0,18% de alta na conta de luz dos clientes locais. A afirmação foi uma resposta a reportagem do Estadão/Broadcast na semana passada.

A reportagem citou cálculo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia, que apontam que várias emendas incluídas pelos deputados no projeto de lei das distribuidoras teriam impacto de elevar a conta de luz em algo entre 4% e 5%. “O objetivo não é repassar gatos (furtos de energia), é o contrário. É fazer com que os gatos, que são pagos pelos consumidores, possam ter perspectiva real de redução ao longo dos próximos anos, afirmou Ferreira Jr.

A maior parte do impacto das emendas do projeto de lei virá de outros “jabutis” incluídos pelos deputados, como a isenção da tarifa aos consumidores de baixa renda que gastam até 70 kWh mensais, com impacto de R$ 742 milhões, e do reajuste do valor do gás entregue pela Petrobrás às termoelétricas contratadas no período do racionamento de energia. Nos dois casos, Ferreira Jr. diz que não há qualquer relação com a Eletrobrás nem com as distribuidoras. /COLABOROU LORENNA RODRIGUES

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