Dívida das elétricas soma R$ 29 bi SANDRA BALBI DA REPORTAGEM LOCAL É de quase R$ 30 bilhões a dívida financeira das 18 principais distribuidoras de energia elétrica do país, candidatas ao …

Dívida das elétricas soma R$ 29 bi


SANDRA BALBI

DA REPORTAGEM LOCAL




É de quase R$ 30 bilhões a dívida financeira das 18 principais distribuidoras de energia elétrica do país, candidatas ao pacote de ajuda ao setor, anunciado na terça-feira pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).




Esse é o resultado de levantamento feito pela Folha com base nos balanços de junho publicados pelas empresas. Pela dimensão do endividamento das distribuidoras, analistas e empresários consideram o programa um paliativo para o setor.




"É um balão de oxigênio para as empresas em aperto, mas é insuficiente para reequilibrá-las", diz Antônio Martins da Costa, presidente da EDP Brasil, grupo português que controla a Bandeirante e a Escelsa.




O BNDES destinará R$ 3 bilhões para capitalizar as distribuidoras em dificuldades, desde que elas consigam renegociar com bancos credores até 30% da dívida de curto prazo e convençam suas controladoras a converter em capital os créditos a que têm direito.




Os primeiros entraves à execução do programa poderão vir dos acionistas estrangeiros dessas distribuidoras.




Para o grupo EDP, por exemplo, a transformação dos créditos a receber de suas controladas no Brasil, em capital, não teria um efeito do ponto de vista dos gastos, segundo Costa. "Mas teríamos empresas com excesso de capitais e isso dificultaria o retorno aos acionistas", diz.


Dúvidas

Por contra de dúvidas desse tipo, o grupo ainda não decidiu se vai aderir ao programa do banco. "A Bandeirante não tem uma situação crítica, não precisa do programa; já para a Escelsa pode ser interessante, pois [ela] tem uma dívida elevada", diz Costa.

A Bandeirante deve R$ 607 milhões, dos quais R$ 300 milhões à controladora. No primeiro semestre, a empresa conseguiu reescalonar os pagamentos à matriz em 24 meses. Assim, não teria urgência em entrar no programa.

Já a Escelsa, distribuidora do Espírito Santo, acumula dívida de US$ 1,2 bilhão, sendo 85% com a EDP. "Pode valer a pena entrar no programa de financiamento, pois trata-se de um dinheiro muito barato", observa Costa. O BNDES oferece recursos pela TJLP de 12% anuais, mais 4% ao ano.



Inadimplência

Outro problema com as controladoras é que duas delas ainda não resolveram sua inadimplência com o banco, o que inabilitaria as distribuidoras a participar do programa. O acordo entre a AES, controladora da Eletropaulo, e o BNDES para a reestruturação da dívida de US$ 1,2 bilhão com o banco, anunciado na semana passada, ainda não foi concluído.

Em situação semelhante encontra-se a Cemig. A SEB (Southern Electric Participações), sócia da Cemig, deve ao banco US$ 500 milhões. Em maio, deixou de pagar uma parcela de US$ 87 milhões desse financiamento. O BNDES informou, por meio de sua assessoria, que não pode falar sobre a dívida de seus clientes.

Já a Light, em comunicado oficial, diz que também está analisando os termos do programa para tomar uma decisão. Os consórcios de bancos liderados pelo BankBoston e JP Morgan -credores da Eletropaulo- e pelo Citibank -credores da Light- também não se manifestaram.

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