Stephen Kanitz
A FIESP publica hoje um anúncio de página inteira afirmando que a “Dilma dará para o povo brasileiro um desconto de 20% na energia, mas, para a nossa surpresa, tem gente jogando contra”,
“Gentinha” como eu, Prof. Titular da Universidade de São Paulo.
Infelizmente isto não é um jogo. É o futuro do setor de infra estrutura do Brasil.
Primeiro, não é a Dilma que estará dando o desconto de 20%, e sim os acionistas, os fornecedores, os funcionários das Empresas de Energia Elétrica que estarão reduzindo as suas remunerações.
Impressionante a FIESP, cometer um erro destes.
Infelizmente Paulo Skaf não publica o seu Demonstrativo de Resultados e o seu Balanço Patrimonial, como o fazem as Empresas de Energia.
Mas vou supor que eu os tenha em mãos, e os dados que vou relatar são obviamente fictícios.
Vejo que Paulo Skaf recebe o mesmo salário de R$ 40.000,00 reais por mês como Presidente da FIESP, como todos os demais, há 8 anos.
Mas parece que a FIESP não percebeu, que sua casa, neste ínterim, está totalmente amortizada.
Ele pagou a ultima prestação mês passado.
Seus dois carros, também foram totalmente pagos e depreciados no Início do ano.
A faculdade dos filhos, um item enorme do orçamento familiar , também é coisa do passado.
Porque então a FIESP continua a pagar seu presidente, R$ 40.000,00, agora que ele reduziu os seus “custos” em R$ 29.000,00 por mês.
O seu salário “justo” é agora R$ 11.000,00.
Notem que com R$ 11.000,00 por mês ele manterá o seu padrão de vida, agora que as grandes despesas de sua vida estão para trás.
R$ 11.000,00 é o seu “salário justo” atual.
Não era no início de suas operações, quando seus custos eram mais altos, mas agora é.
Portanto não é justo que ele receba R$ 29.000,00 a mais do que ele atualmente precisa.
Eu sei que Paulo Skaf poderia receber muito mais do que R$ 40.000,00 no setor Privado, especialmente alguém com a sua capacidade de liderança, a conhecida acabativa, e as longas horas de trabalho e dedicação.
Ele conseguiria R$ 200,000,00 por mês tranquilo.
A FIESP nem reconhece o Presidente que tem, metade fala mal dele, quando ele vira as costas.
Mas a FIESP, como as Companhia de Energia, são atividades públicas, o “valor de mercado” não vale.
Não é a falta ou excesso que determina o preço da Energia ou de um Presidente da FIESP, mas segundo a novo pensamento econômico deste país, os custos passados, excluindo os já amortizados.
Quanta besteira junta.
Portanto sejamos “justos”.
O setor de infra-estrutura deste país está esperando uma redução de salários da Dilma, Guido Mantega, e da Presidência da FIESP, ao nível que cubram as suas despesas operacionais e de manutenção, e mais 10% porque ninguém quer trabalhar de graça.
Espero que, agora, a FIESP não jogue contra a redução de Energia e salários públicos deste país.