Energia cara: clientes deixam Light e Enel – O Globo

Análise do ILUMINA: Quem lê essa notícia, tentando entender, ficaria se perguntando que usinas baratas são essas que estavam “escondidas” no nosso sistema e que possibilitam redução de mais de 30% na conta de energia? Por acaso elas só atendem o mercado livre? Foram construídas em resposta aos excelentes contratos de longo prazo, apesar de 30% mais baratos?

  • Estamos no Brasil! Tem, mas acabou! É o contrário! Nenhuma usina do território brasileiro foi construída para atender o mercado livre.
  • Quem expande o sistema para atender uma carga que exige 4.000 MW/ano é o consumidor cativo.
  • Pela reportagem imagina-se que a diferença está no entorno de 30%, mas, como já mostramos diversas vezes, o consumidor cativo pagou em média 400% a mais do que o PLD de 2003 a 2012.
  • O misterioso PLD. Os comercializadores dirão que o PLD não é o custo dos contratos. É apenas um preço de referência.
  • Evidentemente, se estivéssemos num país que preserva a transparência, a resposta seria. Ok! Então quais são os preços reais? Silêncio absoluto!

O Ilumina tem uma sugestão: Vamos todos para esse paraíso das “usinas oclusas”! É o que o atual governo está propondo. Consequências? Depois os advogados resolvem.


  • RAMONA ORDOÑEZ LUANA SOUZA* economia@oglobo.com.br

A alta no preço da energia tem feito as empresas se voltarem para o mercado livre e abandonarem as distribuidoras, como Light e Enel, que atendem aos consumidores fluminenses. Depois de alta de mais de 10% em 2017, este mês a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou reajustes para clientes industriais de 13,4%, no caso da Light, e de 19,9%, no da Enel. Com isso, nos últimos anos vem crescendo a migração de consumidores para o mercado livre, onde os contratos são feitos diretamente com os fornecedores de energia, sejam geradoras ou empresas comercializadoras, sem passar pelas distribuidoras. De acordo com dados da Enel, no ano passado eram 260 consumidores livres, contra 177 em 2016. Já na Light, o número de consumidores livres pulou de 202, em 2015, para 336 em 2016 — no ano passado, chegou a 601.

Segundo a Enel Rio, em 2017, a distribuidora teve uma queda de 1,1% em venda e transporte de energia, devido à redução de 6,1% no volume de venda de energia no mercado regulado como resultado da desaceleração econômica do estado. De acordo com especialistas do setor, como as indústrias grandes consumidoras de energia já estão no mercado livre, as mais afetadas com o reajuste atual são as empresas de médio porte.

Para empresas maiores, que utilizam a tarifa de alta tensão ou que têm um valor mensal de gastos com energia de R$ 80 mil a R$ 100 mil, no mínimo, o mercado livre de energia é uma solução.

— Até o fim de 2015, o Brasil tinha cerca de 1.800 empresas no mercado livre de energia. Agora, já são 5 mil. É um movimento de migração crescente. A vantagem da redução de custo imediato e a previsibilidade de ter um orçamento fechado, porque os contratos vão de três a cinco anos, são os fatores que levam essas empresas ao mercado livre — afirma o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.

Segundo o executivo, quando há um aumento da tarifa no mercado cativo, isso gera uma reação das empresas:

— O número de empresas no mercado livre deve aumentar este ano novamente.

Nas micro e pequenas empresas, há setores que são mais afetados com a alta na conta de luz, em razão do peso da energia nos custos. Estabelecimentos que usam mais energia, como padarias, têm uma parcela maior do insumo no custo. Para ajudar com a redução das despesas, há investimentos que podem ser feitos para otimizar o gasto com energia, além de adotar algumas medidas simples no dia a dia.

— Algumas empresas conseguem reduzir em até 5% o custo final da energia com medidas como observar se o ar-condicionado está ligado sem ninguém no ambiente, com capacitação do pessoal para operar melhor as máquinas, trocar luminárias por outras mais econômicas e fazer manutenção nos equipamentos regularmente. Quem pode fazer investimentos, trocar os fornos elétricos por aqueles a gás e adquirir tecnologia mais moderna e sustentável consegue reduzir os custos em até 40% — explica o gerente da área de soluções e inovações do Sebrae/RJ, Ricardo Vargas.

EMPRESA DE PESCADO REDUZ GASTO EM 32% A tarifa de energia responde por cerca de 8% do custo mensal da Frescatto, de pescados — setor que usa tecnologias e refrigeradores potentes, que consomem muita eletricidade. A empresa comprou o insumo no mercado livre até 2022. Essa migração permitiu uma redução nos custos, além de um orçamento fechado e mais previsível.

— Tivemos uma redução de 32% do custo de energia depois que aderimos ao mercado livre — conta o gestor de meio ambiente da Frescatto, Cácio Rodrigues. — No mercado cativo, tínhamos de aceitar o custo da energia que havia sido negociada e comprada pela concessionária. Bem ou mal, esse custo nos era imposto. Já no mercado livre, negociamos diretamente com as geradoras a compra de energia para o longo prazo.

Segundo Rodrigues, essa migração derrubou o custo da energia, permitindo à empresa escapar das bandeiras tarifárias:

— Conseguimos gerir melhor a compra e o uso desse recurso.

Já a empresa de alimentos congelados Deep Freeze continua comprando energia da distribuidora. Os equipamentos de refrigeração são necessários para manter os produtos a cerca de 40°C negativos. Para diminuir a conta de luz, o diretor da marca, Luiz Eduardo Jardim, investiu em freezers e aparelhos de ar-condicionado mais econômicos uma semana antes do anúncio do reajuste das tarifas.

— Todo o dinheiro que eu economizaria por mês na conta de luz com os investimentos que fiz será engolido pelo aumento da tarifa — lamenta Jardim. — Dos meus custos mensais, pelo menos 10% vão para energia elétrica. O objetivo agora é tentar não repassar esse custo para os clientes, mas acho que vai ser impossível.

*Estagiária, sob a supervisão de Ramona Ordoñez

 

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