Erro estratégico Não dá para entender. Porque será que a reportagem não cita a estratégia do controladores da LIGHT de adquirir a empresa Metropolitana de São Paulo feita através …

Erro estratégico


Não dá para entender. Porque será que a reportagem não cita a estratégia do controladores da LIGHT de adquirir a empresa Metropolitana de São Paulo feita através de pesado endividamento como causadora da crise? Foi uma estratégia empresarial de abocanhar uma parcela maior do mercado brasileiro. O que há de errado nisso? Nada! Desde que os custos dessa tática, se der errado, não caia sobre os ombros dos consumidores. Esse "extra" poderá acabar no bolso do consumidor de dois modos; todos dois dependendo do grau de "distração" do orgão regulador. Ou vai através de aumentos tarifários ou através de diminuição da qualidade e confiabilidade do serviço, que, por sua vez, vem a reboque dos cortes de custos. Aliás, essa tem sido a prática no Brasil. Vide a dificuldade que o consumidor tem hoje de sequer falar com um ser humano no atendimento dos serviços públicos. Os medidores pendurados nos postes que a Light está adotando no Rio, são alvos de constantes reclamações dos usuários. Afinal, quem paga pelos erros dos grandes executivos dessas empresas?



Globo 26/01


Última chance para a Light


Ramona Ordoñez e Mirelle de França


A Electricité de France (EDF), controladora da Light, deu um prazo para que a distribuidora supere a grave dificuldade financeira na qual se encontra. Desde de 1 de dezembro do ano passado, começou a ser implantado o que a direção chama de "Plano de Crise", uma profunda reestruturação que tem como objetivo estancar os prejuízos até 2005. Os resultados estão sendo acompanhados mês a mês e, já no próximo ano, a EDF irá avaliar o desempenho do programa, revela o presidente da Light, Jean Pierre Bel. Caso não haja sinais de recuperação, a estatal francesa vai decidir o futuro da companhia. Fontes ligadas à Light, no entanto, dizem que, o prazo dado para a mudança de rumo é mais curto: se a companhia não apresentar sinais de recuperação até junho deste ano, os franceses podem tomar a decisão de abandonar o negócio, vendendo ou devolvendo a concessão.


– Espero que os indicadores este ano sejam melhores. A idéia é julgar o plano de crise, que é complicado e pesado, já em 2004. A proposta é de que a EDF ainda ajude Light em 2003. Mas, se não conseguirmos bons resultados até o ano que vem, os controladores não poderão continuar injetando US$ 200 milhões todo mês – disse Bel.


Consumo está em queda


Em 2002, a EDF fez um aporte de capital de US$ 1,2 bilhão, o que reduziu em 50% o endividamento da Light e deu mais fôlego para a companhia. Este ano, os investimentos previstos são de R$ 271 milhões, contra R$ 315 milhões do período anterior. A queda do consumo, de acordo com o presidente da Light, adiou alguns investimentos.


O executivo, que assumiu o comando da Light em outubro do ano passado, em substituição a Michel Gaillard, foi enviado da França com a missão de equilibrar as contas da empresa que, desde 1999 vem apresentando prejuízos. Em 2002, a Light teve que começar a procurar a luz no fim do túnel. No ano, até setembro, o prejuízo era de R$ 407 milhões e o endividamento, de R$ 5,7 bilhões.


Além disso, no ano passado, o consumo caiu 17,4%, equiparando-se aos níveis de 1995. A empresa também deixou de faturar 21,6% da energia fornecida no período. Desse total, 15% foram referentes a "gatos". Outro problema é a inadimplência, que chegou a 3,5% da receita total, o equivalente a R$ 156 milhões. O total acumulado da energia distribuída e não paga é de R$ 900 milhões.


O plano de reestruturação, de acordo com Bel, inclui a redução dos custos em R$ 100 milhões até o fim deste ano. A companhia foi dividida em cinco unidades regionais que funcionarão como empresas independentes e que terão como meta redução de inadimplência, recuperação do consumo e controle das perdas de energia.


As 33 superintendências foram reduzidas para 25, enquanto o número de diretorias caiu de sete para cinco. Ao todo, foram demitidos cerca de 20 executivos graduados.


A economia prevê, inclusive, a venda do prédio da Light na Praia do Flamengo, onde funciona a parte administrativa. Os executivos serão transferidos para a antiga sede na Rua Marechal Floriano, no Centro.


Mas o enxugamento administrativo da Light não ficará restrito ao alto escalão. A negociação entre os empregados e a direção da companhia está emperrada e, segundo Bel, gira em torno da redução de benefícios, o que evitaria um número maior de cortes.


– Para reduzir custos, poderíamos demitir. A intenção da diretoria, no entanto, não é essa. Queremos propor aos funcionários outra maneira de fazer economia, por meio da redução dos benefícios – afirmou Bel.


A empresa, que na época da privatização, em 1996, tinha 11 mil funcionários, hoje tem 4.350 diretos e 5 mil terceirizados, além de outros 2 mil próprios na usina termelétrica Norte Fluminense. Uma das propostas no plano de reestruturação é rever a terceirização e, com isso, contratar cerca de 400 funcionários que hoje trabalham sem vínculo trabalhista.


O presidente da Associação dos Empregados da Light (AEL), Lúcio Diniz, diz que a empresa quer transformar as demissões em moeda de troca:


– Assim, o acordo será difícil. Nós propusemos outras formas de redução de custos, mas a Light não quis ouvir.


A Light garante que a reestruturação não prejudicará a qualidade do serviço prestado. A empresa, no entanto, foi a segunda em número de reclamações por parte dos consumidores em 2002, perdendo apenas para a Telemar, de acordo com o Procon-RJ. Ao todo, foram 2.433 queixas, a maioria sobre corte de energia e cobranças indevidas.


Já os indicadores de qualidade exigidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) melhoraram. Em dezembro do ano passado, por exemplo, os consumidores do Rio ficaram 6,16 horas sem luz, contra 7,4 horas de 2001.

COLABOROU Ledice Araujo



Globo 26/01


Crise da Light foi provocada pela alta do dólar e consumo menor de energia

Ramona Ordoñez e Mirelle de França


Analistas do mercado financeiro garantem que os problemas que atingiram a Light também ocorrem com várias outras distribuidoras: endividamento alto e perdas com o racionamento. A diferença é que a EDF e a AES, que na época também controlava a Light, fizeram uma opção por alavancar seus projetos entre 1996 e 1999 com recursos externos. Quando veio a desvalorização cambial em 99, a crise se agravou. Parte deste dinheiro, no caso da EDF, serviu para a compra da Eletropaulo, distribuidora paulista que, mais tarde, teve que ser vendida no rearranjo dos controles societários imposto pela Aneel, a agência que regula o setor.


Empresa fez blindagem contra oscilação no câmbio


O especialista do Ibmec Nelson Pedrozo acrescenta que o que fez a Light entrar de vez no atoleiro foi o racionamento. A crise do setor elétrico, que exigiu dos consumidores a redução da demanda em 20%, entre 2001 e o início do ano passado agravou a situação da empresa. A venda de energia da concessionária, que chegou a 23.884 GWh em 2000, no ano seguinte despencou para 20.965 GWh e, até setembro do ano passado, somava apenas 14.750 GWH. O especialista em energia da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Adilson de Oliveira concorda:


– A queda do consumo depois do racionamento, somada à alta do dólar, deixou a Light numa situação difícil.


Outro grande problema da Light são as perdas de energia, ou roubos, que na época da privatização estavam em torno de 30% e, hoje, ainda estão em torno de 21,6%. Para muitos analistas, no entanto, é difícil para a Light conseguir ter uma perda inferior a 15%, devido ao grande número de morros e favelas existentes na região metropolitana, o que dificulta o seu combate.


– O câmbio já não afeta tanto a Light, uma vez que parte da dívida em dólar da empresa está protegida contra a alta da moeda por meio de operações financeiras. Mas as perdas de energia preocupam – afirmou Rafael Quintanilha, analista da BES Securities.


Até setembro de 2002, do total do endividamento da companhia, de R$ 5,7 bilhões, 59% eram em dólar e 41% em reais.


Mas analistas acreditam que a Light já mostra sinais de que está se recuperando. O aporte de US$ 1,2 bilhão feito pela EDF no ano passado fez com que a dívida da Light fosse reduzida. Além disso, a expectativa de a economia voltar a crescer e, com isso, aumentar o consumo de energia é também um forte indicativo de que a crise poderá ser solucionada.



Estatais engordam salários de ministros


HUMBERTO MEDINA

NEY HAYASHI DA CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Sob Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e assessores graduados repetem uma prática antes condenada pelo PT. Engordam os salários por meio da participação em conselhos de administração de empresas estatais, controladas pelo Tesouro Nacional.


Há casos em que o salário mais do que dobra. Secretários chegam a ganhar mais que ministros. Um exemplo é o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim. Seu salário, no ministério, é de R$ 8.000. Para participar do conselho de Itaipu, recebe R$ 7.800. No conselho da Eletrobrás, obtém mais R$ 1.600. Também presta serviços a Furnas, onde recebe R$ 1.427. Sua remuneração total é, portanto, de R$ 18.827.


O secretário-executivo da pasta das Minas e Energia costuma assumir também uma vaga no conselho da CBEE (Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial). Tolmasquim ainda não foi indicado. Mantida a praxe, seu salário saltaria para R$ 20.327.


A ministra Dilma Rousseff, chefe de Tolmasquim, ganha R$ 8.280 no ministério. Para participar do conselho da Petrobras, recebe aproximadamente R$ 2.800. Como também participa do conselho da Eletrobrás, soma aos vencimentos outros R$ 1.600. No total, leva R$ 12.680 – pouco mais da metade da renda de seu subordinado.


Outro secretário que catapultou seus vencimentos por causa do "efeito conselho" foi Joaquim Levy, do Tesouro Nacional. Obteve assento em Furnas (R$ 1.427), no Banco do Brasil (R$ 1.785) e na Caixa Econômica Federal (R$ 1.704). Ou seja, seu salário vai de R$ 7.500 para R$ 12.416.

O ministro ao qual Levy está subordinado, Antonio Palocci (Fazenda), ganha menos: R$ 8.280 no ministério mais R$ 2.800 na Petrobras. Um total de R$ 11.080, 7% a menos que seu secretário.


A lei 9.292/96 determina que os membros dos conselhos de administração e fiscal das empresas estatais (sociedades de economia mista ou controladas direta ou indiretamente pela União) não podem ganhar mais do que o equivalente a 10% do salário médio de seus diretores.


Jetom

Os conselhos existem -tanto nas estatais como no setor privado- para que os acionistas possam acompanhar mais de perto a gestão de suas empresas.

A remuneração dos conselheiros das estatais é conhecida como jetom. Pode ser um valor fixo mensal ou paga por reunião. Geralmente, os conselhos se reúnem uma vez por mês. Mesmo com as privatizações durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os gastos com conselhos de administração aumentaram 272% em oito anos. Saiu de R$ 1,22 milhão para R$ 4,76 milhões.


A exceção ao limite de 10% estabelecido em lei fica por conta da hidrelétrica de Itaipu, que, por ser uma empresa binacional (Brasil-Paraguai), não está sujeita a essa lei. Paga aos membros de seu conselho de administração generosos 40% do salário de seus diretores.


Estão no conselho de Itaipu, além do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, o sindicalista petista João Vaccari Netto (que esteve cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil) e o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa.


O conselho da Eletrobrás acomoda, além da ministra de Minas e Energia e do presidente da estatal, a economista Maria da Conceição Tavares.

Entre os ministros, o salário que mais aumenta por causa do "efeito conselho" é o de Dilma Rousseff (53%). É a única ministra que participa de dois conselhos.


Os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), José Viegas Filho (Defesa), Guido Mantega (Planejamento) e Luiz Furlan (Desenvolvimento) participam de um único conselho. Aumentam seus salários em percentuais que variam de 15% a 33% (veja quadro).

O ministro Miro Teixeira (Comunicações), se decidir assumir a vaga que de praxe é ocupada pelo titular da pasta nos conselhos da Telebrás e dos Correios, aumentará seus vencimentos em R$ 2.400. Como optou por receber salário de deputado (R$ 12.710), em vez do de ministro (R$ 8.280), sua remuneração mensal chegaria a R$ 15.110.


Entre as empresas estatais, a que melhor paga a seus conselheiros é a hidrelétrica de Itaipu (R$ 7.800), seguida da Petrobras (R$ 2.800). As outras estatais oscilam na faixa entre R$ 1.200 e R$ 1.700.



Programa do governo FHC esvazia Furnas


GUILHERME BARROS

EDITOR DO PAINEL S.A.




Há menos de dez dias no cargo, o novo presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues, sofreu, na semana passada, a perda, de uma só vez, de 29 superintendentes da empresa. O time de pesos pesados corresponde a 90% dos cargos do primeiro escalão de Furnas.




"Será uma perda importante num momento como este, em que estamos reconstruindo o setor elétrico brasileiro", afirmou Rodrigues. A saída dos 29 funcionários do primeiro time da empresa estatal de uma só vez ainda é resquício do programa de demissões incentivadas iniciado há três anos pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. O objetivo do programa era o de preparar Furnas para a privatização.




A idéia era dividir a empresa em duas: uma de transmissão e outra de geração, para facilitar a venda de Furnas. "Nós estamos sofrendo o efeito de uma medida tomada há tempos, quando só se falava em privatizar a empresa", afirmou Rodrigues. A privatização de Furnas foi suspensa ainda no governo FHC.




Ao todo, foram 968 funcionários que deixaram a empresa nos últimos três anos. Só em 2002 Furnas perdeu 522 funcionários. Na cúpula da empresa, no entanto, a enxurrada ocorreu mesmo na semana passada, quando saíram os 29 funcionários subordinados diretamente à diretoria.


Substituições

José Pedro Rodrigues disse que, normalmente, quando as grandes empresas promovem programas de demissões incentivadas, elas fazem, ao mesmo tempo, outros programas de substituição de lideranças. O objetivo é o de evitar essas saídas em massa na cabeça da empresa ao mesmo tempo. Em Furnas, Rodrigues disse que não houve uma preocupação de substituição de lideranças na cúpula da empresa.


O presidente de Furnas afirmou ainda que sofreu uma certa pressão para a recontratação dos superintendentes que se aposentaram na semana passada para que a empresa não ficasse tão desfalcada. A idéia chegou a ser discutida, mas Rodrigues descartou essa possibilidade.


"Vamos aceitar as regras do jogo do programa de demissão e não vamos recontratar ninguém", afirmou Rodrigues. Depois de alguns dias de discussão interna, Rodrigues decidiu optar pela promoção de 29 funcionários do segundo escalão de Furnas para o primeiro. "São pessoas competentes, com 10 a 15 anos de experiência em Furnas, que vão saber tocar a empresa", disse Rodrigues.

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