Fazendo as contas O que você acha de um modelo de organização de um setor de infraestrutura básica como o de energia elétrica, que em 7 anos de implantação conseguiu elevar as tarifas para …

Fazendo as contas


O que você acha de um modelo de organização de um setor de infraestrutura básica como o de energia elétrica, que em 7 anos de implantação conseguiu elevar as tarifas para o consumidor final em 166 %, provocou um racionamento de aproximadamente 25% na energia consumida na região mais desenvolvida do país uma frustração de Produto Interno Bruto da ordem de R$ 11 bilhões, provocou prejuízos aos consumidores e contribuintes contabilizados aumentos, subsídios e empréstimos de dinheiro pública da ordem de R$ 29 bilhões, provoca, segundo as empresas concessionárias prejuízos insuportáveis, afugenta os investidores e ainda aponta para outros aumentos tarifários? Envie sua opinião para ilumina@ilumina.org.br.



Grupos ameaçam diminuir participação no País (Estado de São Paulo 29/8)


Segundo rumores, AES quer vender Eletropaulo Metropolitana, AES Sul Distribuidora e AES Tietê


RENÉE PEREIRA


Importantes empresas estrangeiras estão dispostas a diminuir sua participação no setor elétrico brasileiro ou abandonar definitivamente o País. Depois do anúncio da Enron e dos rumores de venda da Light pela EDF, na terça-feira, ontem os boatos voltaram a envolver a saída da AES Corp. do País. Segundo fontes ligadas à companhia, quatro ativos brasileiros foram postos à venda, incluindo Eletropaulo Metropolitana, AES Sul Distribuidora e AES Tietê. A empresa fica no Brasil apenas se os negócios puderem ser auto-sustentável, afirmou a fonte.


Outras empresas, como a espanhola Endesa e a americana PPL, também já manifestaram interesse em deixar o País. No caso das européias, existe uma mudança de foco em relação ao mercado, explica o analista do Unibanco, Sérgio Tamashiro. "Elas estão preferindo apostar na Europa."


Já a PPL, controladora da Cemar, no Maranhão, está de mãos atadas no momento. Sua distribuidora está sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde a semana passada, por falta de capacidade de honrar seus compromissos. A empresa conseguiu arrumar um comprador, que foi recusado pela agência. Segundo a Aneel, a compradora não se enquadra nos critérios estabelecidos.


O problema, na avaliação de analistas, é que se desfazer dos ativos num momento de turbulência e indefinições regulatórias como o atual não será uma tarefa muito fácil. A não ser diante de um preço bastante atraente, o que significaria prejuízo no bolso. "O setor não está num momento de aquisições; a palavra de ordem agora não é expansão, mas sim proteção", diz Tamashiro.


Segundo ele, entre as empresas estrangeiras que estão no País será muito difícil encontrar um comprador.


Os investidores com algum potencial para fazer aquisições seriam a americana Duke Energy ou a belga Tractebel, que tem a AES Sul dentro da sua área de atuação. "Mas é uma empresa muito endividada", diz Tamashiro. Já a Duke Energy diz não estar interessada em mercados regulados, caso das distribuidoras. "Em outras situações, a empresa avaliará no momento em que a venda do ativo for formalmente anunciado", diz o presidente da empresa, Michael Dulaney.


Nos últimos anos, as empresas estrangeiras foram responsáveis pela injeção de quase US$ 30 bilhões no setor, com a privatização. Mas o momento é de conservadorismo, mesmo para companhias consolidadas no mercado. (Com Dow Jones Newswires)


Dólar fará luz subir ainda mais (JB – 28/8)


Banco Central reduz projeção da alta do botijão de gás. Tarifas públicas terão reajuste maior em 2003


BRASÍLIA – O Banco Central reviu para cima a previsão para o aumento das tarifas de luz. Em compensação, reduziu a projeção para o aumento do preço do gás. Os dados foram divulgados ontem na ata da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizada este mês. As projeções levam em conta o impacto da alta do dólar nos preços administrados pelo governo e na inflação. A previsão do Copom é de que o aumento na energia elétrica chegará a 20,1% este ano, e não 19,2%.


A taxa de câmbio deve se manter em torno de R$ 3,11 no próximo ano e continuará pressionando a inflação. Por conta da intervenção do governo nos preços do gás de cozinha cobrados pela Petrobras nas refinarias, a diretoria do BC reviu de 42% para 25% a projeção de aumento do preço do botijão para este ano. O preço da gasolina deve cair 0,8% este ano. Em julho, a previsão era de uma queda de 2%. Essa queda ainda será efeito das reduções de preço verificadas em janeiro e fevereiro, logo após a abertura do mercado às importações de derivados.


O Copom praticamente manteve a projeção de reajuste dos preços administrados em 8,8%. Já para 2003, a revisão foi de 6,6% para 7,6%. O comitê concluiu que a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em 18% ao ano e da taxa de câmbio em torno de R$ 3,11 aponta para uma inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, acima de 6% em 2002 e abaixo de 4% em 2003. Os tetos das metas do governo, acertadas com o Fundo Monetário Internacional, são de 5,5% e 6,5%, respectivamente.


Segundo a ata, a previsão de inflação menor para o ano que vem se justifica pela capacidade ociosa na economia, pelo aumento 1,2 ponto percentual menor dos preços administrados e monitorados em relação a 2002 e pela ausência de depreciações adicionais no câmbio.


O documento diz que, apesar de a inflação projetada para o próximo ano estar abaixo da meta, houve aumento das incertezas em relação ao futuro do Brasil e à economia mundial de julho para cá. Isso se refletiu negativamente nos preços dos ativos em moeda estrangeira e local. Entretanto, o Copom considera que a conclusão do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a concordância de seus princípios gerais pelos principais candidatos a presidente propiciam um ambiente adequado para a reversão das expectativas do mercado financeiro. Outros pontos que devem contribuir nesse sentido, de acordo com o Copom, são a diminuição dos deságios dos títulos públicos, a evolução recente na indústria de fundos e uma melhora nas condições de liquidez nas linhas de crédito internacionais para o Brasil.



Empresas não descartam nova crise de energia (Monitor Mercantil – 29/8)


O setor de energia está "desarranjado", com a falta de regras para atrair investimentos que possam espantar o fantasma de uma nova crise de racionamento. Essa é a avaliação do presidente da Associação de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), José Augusto Marques.


"Se a economia voltar a crescer, como projetam os atuais candidatos à Presidência, isso pode antecipar uma nova crise de fornecimento de energia", disse Marques. Segundo ele, não é possível descartar uma nova crise a partir de 2004.


Nem o dinheiro dos empréstimos do BNDES para compensar as perdas das empresas com o racionamento deve garantir novos investimentos, embora, pelos números da Abdib, tenha havido um crescimento de 11% no faturamento das empresas que fornecem equipamentos para esse setor no primeiro semestre deste ano.


Executivos temem que leilões de compra engessem as negociações no setor (Canal Energia – 28/8)


Agentes acreditam que transações com contratos de curto prazo estarão fora dos leilões, que devem negociar apenas demandas de longo prazo

Oldon Machado, Mercado Livre


28/08/2002


Se na teoria os leilões de compra das distribuidoras devem dar maior clareza aos contratos firmados entre os agentes, na prática eles também podem "engessar" as negociações das empresas de energia. Essa é a avaliação inicial que alguns executivos do setor elétrico fazem sobre um dos pontos estabelecidos pela Medida Provisória 64, lançada na última segunda-feira, dia 26 de agosto.


O teor principal das críticas refere-se ao fato da obrigatoriedade da medida, que pode trazer uma série de procedimentos e regras que poderão criar impedimentos na realização de acordos rápidos, na velocidade adequada às demandas de cada concessionária. "É preciso que se estabeleça regras claras, para que não haja perda de agilidade nas negociações", analisa José Antônio Sorje, gerente de Comercialização da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz).


Ele afirma que somente a formatação de um conjunto de regras de fácil entendimento e operacionalização poderá evitar a perda de velocidade nas transações. O executivo, no entanto, considera positiva a iniciativa de se realizar os leilões para firmar contratos de longo prazo (acima de dois anos). Para negociações com base em prazos menores que 24 meses, Sorje defende a manutenção de contratos bilaterais; o que, segundo ele, evitaria a "inviabilização do mercado".


Leilões só com longo prazo – A MP, porém, não estabelece prazos de contratos para os leilões. Pelo texto, as distribuidoras só poderão estabelecer contratos de compra de energia elétrica, a partir de 2003, por meio de leilões públicos com a participação de outros agentes. A exceção se dará somente na hipótese de haver diferenças entre o montante contratado e o mercado efetivamente realizado, para mais ou para menos, quando acordos bilaterais poderão ser celebrados.


"A regulamentação deve especificar a inclusão dos contratos de curto prazo nas livres negociações, bilaterais", defende Sorje. Paulo Cunha, diretor de Comercialização da GCS Energia – braço de trading do grupo Guaraniana – acredita que a abertura às negociações bilaterais também seja estendida aos contratos de curto prazo. "A minuta da MP só abordava os leilões, sem a opção de outras formas. Isso certamente engessaria o mercado", diz.


Em princípio, a regulamentação dos leilões estaria a cargo da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas segundo a MP, baseada numa proposta do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), a função caberá ao poder executivo, partindo do Ministério de Minas e Energia. Tanto a CPFL quanto a GCS, que deverá representar Coelba (BA), Cosern (RN) e Celpe (PE) – subsidiárias da Guaraniana – nas negociações, não começaram a discutir as estratégias para realizarem os leilões de compra.

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