O dia 26/11/15 pode ficar marcado como um dos raros momentos onde os “negócios” oclusos e escusos escapolem das mãos de alguns gestores do país e estarrecem o cidadão.
A revelação de planos para atrapalhar as investigações da operação Lava Jato por parte do líder do governo no Senado Federal é ameaçadora não só pelo fato em si, mas pela crescente desconfiança de que a sociedade brasileira está “por fora” das reais artimanhas que definem sua vida.
A evidência de que existe uma rede de conexões totalmente desconhecida da sociedade brasileira são muito fortes, o que transforma pessoas e entidades que se baseiam apenas em princípios republicanos em perfeitos idiotas.
É preciso lembrar que o personagem principal do espantoso quadro desse dia tem muito a ver com o setor elétrico brasileiro. O então diretor de Gás e Energia da Petrobrás, no governo FHC, Delcídio do Amaral, foi o mentor dos contratos da empresa com as térmicas “merchants” Macaé, Eletrobolt e MPX. Esse estranho “negócio” previa que a Petrobrás era responsável pela construção das usinas, mas só teria algum retorno se o preço no mercado de curto prazo ultrapassasse US$ 61/MWh. O imbróglio jurídico foi de tal ordem que a maneira encontrada para estancar o prejuízo foi comprar as usinas.
Essa maneira de fazer negócios envolvendo o setor público inspira o Ilumina a examinar as consequências do leilão de usinas hidroelétricas ocorrido no mesmo dia do caso Delcídio.
O que é espantoso é que, agora, depois do fato ocorrido, depois de contratos assinados, a imprensa venha “informar” que “a tarifa do consumidor deve subir”.
http://www.valor.com.br/empresas/4330296/consumidores-vao-pagar-na-tarifa-por-outorga-de-usinas
Estranhamente, nenhuma reportagem anterior ao leilão esclareceu que esse “sucesso” fiscal também iria desembocar no bolso dos consumidores.
O ILUMINA cansou de chamar a atenção de que a Medida Provisória 688 representa uma inacreditável e grave quebra de princípios. Há 3 anos o governo fazia uma brutal e inédita intervenção no setor elétrico baseada em teses totalmente opostas as que foram adotadas no leilão do dia “Delcídio”.
Infelizmente, por razões muito estranhas, o Ilumina tem sido pouco ouvido pela imprensa.
Para reforçar a desconfiança de que os movimentos efetivos que comandam nossa vida estão submersos, o Ilumina, apenas a título ilustrativo, lembra que a nota técnica 385/2012 –SER/SRG/ANEEL que pomposamente definiu os custos operacionais de usinas antigas que já teriam seus investimentos amortizados, determina valores cerca de 10 vezes menores dos obtidos pelas usinas Ilha Solteira e Jupiá adquiridas pelo grupo Chinês.
A tarifa vai subir, o critério deu uma cambalhota …. e fica tudo por isso mesmo. Não há celulares suficientes para gravar o Brasil real.
3 comentários para “Haja celular para “grampear” o Brasil real – Editorial”