Impostos

A respeito da coluna de Clóvis Rossi na folha de São Paulo de 22/07/2004, é importante que nós, cidadãos, pagantes de impostos e sustentadores dessa coisa chamada estado, tenhamos consciência dos seguintes fatos:




  • Comparando o volume de vendas das grandes empresas mundiais com os produtos nacionais brutos dos países, das 100 maiores “economias” no mundo, 51 são corporações e 49 são países.


  • A venda das 200 maiores corporações transnacionais cresce mais rapidamente do que a atividade econômica global e atualmente representa 27.5 % do Produto Mundial. Apesar disso, só empregam 0.78 % da população economicamente ativa do planeta.


  • Entre 1983 e 1999, os lucros das 200 maiores corporações cresceram 324% enquanto o número de empregados cresceu 14,4 %.


  • General Motors > Dinamarca ; Daimler-Chrysler > Polônia ; Royal Dutch-Shell > Venezuela ; Citygroup > Philipinas ; Sony > Paquistão.


  • Entre 1983 e 1999, a participação do setor de serviços nas 200 maiores corporações mundiais aumentou de 33% para 46,7%. Os ganhos vieram principalmente de serviços financeiros em setores de energia e telecomunicações de países que promoveram desregulamentação dessas atividades.


Fonte: “The rise of Corporate Global Power” – Anderson, S. and Cavanagh, J. – Institute for Policy Studies – December 2000 – www.ips-dc.org



Dito isso leiam o artigo e duas notas da Folha.






CLÓVIS ROSSI
Seus problemas acabaram


BRUXELAS – Agoniado e irritado com a carga fiscal? Se você é grande empresário ou executivo de multinacional, seus problemas acabaram. Não, quem anuncia não são as Organizações Tabajara, do Casseta & Planeta, mas um certo “Financial Times”, um dos melhores jornais do mundo.
O “FT” botou sua equipe de investigação em campo para comprovar, com números, o que muita gente já intuía: a tal de globalização está levando as grandes corporações a uma feroz competição para ver quem paga menos impostos.
Diz o primeiro de dois artigos sobre o tema, publicado ontem, que as evidências encontradas “sugerem que as autoridades fiscais estão lutando uma batalha perdida contra a arbitragem de impostos, na qual companhias multinacionais localizam rendimentos, custos, empréstimos e lucros nas jurisdições mais favoráveis para os lucros globais do grupo”.
O jornal chama de “chocante” o quadro que emerge do pagamento de impostos por 20 companhias “top”. Oito delas pagaram “somas negligenciáveis ou nenhum imposto”.
O jornal não diz, mas eu seria capaz de apostar que a maior parte dessas empresas, se não todas, edita, todos os anos, lindas brochuras para provar que cumprem maravilhosos programas de responsabilidade social, o já não tão recente mantra das corporações.
Há, no trabalho feito pelo “FT”, um claro choque entre responsabilidade social e desempenho corporativo. O valor das ações é cada vez mais um componente essencial para as empresas. Esse valor, por sua vez, pode sofrer variações significativas conforme o imposto pago. Logo, os executivos tratam de fugir de países que cometem o crime de cobrar impostos e vão para paraísos fiscais.
O problema é que, se o Estado já funciona mal cobrando impostos, sem cobrá-los ou cobrando cada vez menos de quem mais pode, irá à breca. Aí, caro leitor, se você não é nem grande empresário nem executivo de grande empresa, seus problemas apenas começaram.


Caos
O sociólogo Alain Touraine, no “El País”, mostra-se preocupado com a América Latina e dá o Brasil como exemplo:
– Em países nos quais se produziu a vitória de um partido ou homem que reclamava mudanças, não acontece nada.
E prenuncia o horror:
– As esperanças frustradas podem se manifestar na forma de rebeliões… Nem tanto o perigo de revolução, mas caos.

Enigma
O economista Jeffrey Sachs, no “La Nación”, escreve que “um dos maiores enigmas da economia mundial é o mau desempenho da América Latina” -que liberalizou, privatizou etc.
Então, “como se explica?”. Ele não descarta a desigualdade, mas critica mais a desatenção à “revolução tecnológica”. E acaba dando alguma esperança:
– A situação não é desesperadora. O Brasil tem se mostrado uma potência exportadora tecnológica, com sucesso em aviões e alimentos não-
perecíveis.

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