Ineficiência faz Eletrobrás desperdiçar R$ 85 bi em 15 anos – Estado de São Paulo

Análise do ILUMINA: Não dá para entender as contas da citada 3G (*), empresa de consultoria contratada para reforçar a ideia de que existe uma ineficiência da Eletrobras por trás da explosão tarifária brasileira.

  • R$ 4 bilhões/ano por 15 anos, na nossa aritmética, totalizam R$ 60 bilhões e não R$ 85 bilhões (seria a atualização??), que, segundo a consultora, é a ineficiência da Eletrobras que “poderia dar 6 meses de energia gratuita aos brasileiros.”
  • A tarifa média brasileira, está no entorno de R$ 640/MWh. A metade do nosso consumo anual é aproximadamente 300 TWh. Essa energia custa R$ 192 bilhões, bem superior aos R$ 85 bi.
  • Vejam a frase: “A Eletrobrás investiu R$ 84 bilhões, mas nos cálculos da 3G Radar, a empresa perdeu algo em torno de R$ 20 bilhões com a construção de empreendimentos como as hidrelétricas de Santos Antônio e Jirau, no Rio Madeira, e Belo Monte, no Xingu.” Quem lê não percebe que, em todas essas usinas, a Eletrobras é minoritária. Traduzindo, entre os outros sócios, há empresas privadas. E ai? A ineficiência fica com quem? O TCU anda de olho nas SPE’s.
  • Por exemplo, no caso da Madeira Energia, o contrato regra que a Eletrobras Furnas ficará responsável pela engenharia do proprietário (fiscalização da obra), a gestão ambiental e fundiária do projeto, além da operação e manutenção da usina de Santo Antônio. Que perdas da Eletrobras escondem lucros privados?
  • Por que a lei 8666? Pelo simples motivo de que, há décadas, os cargos da empresa são ocupados por políticos que, quando não capitaneiam desvios, favorecem interesses privados. Bastaria estabelecer mandatos para os cargos de direção e contratos de gestão com o Estado para que a 8666 fosse desnecessária. A empresa é do Estado Brasileiro e não do governo.

Por fim, como dissemos à jornalista, a Eletrobras tinha muitas outras funções no passado. Foi perdendo ao longo do tempo, mas interesses políticos e privados mantiveram a estrutura “inchada”. Muitas dessas posições foram ocupadas por políticos de partidos que hoje compõe o governo. Portanto, a história precisa ser contada desde o início.

(*) Para se ter uma ideia da “credibilidade” da 3G, é uma empresa fundada em 2013.


 

Renée Pereira, O Estado de S.Paulo

26 Agosto 2017 | 05h00

A estrutura inchada, a perda de função em algumas áreas e o constante uso político provoca uma ineficiência de R$ 4 bilhões por ano na Eletrobrás. Esse é o custo extra da empresa nas áreas operacionais e administrativas comparado aos indicadores de empresas privadas do setor elétrico, segundo cálculos da empresa de investimentos 3G Radar. Em 15 anos, esse custo acumulou R$ 85 bilhões, afirma o chefe de analise da gestora, Pedro Batista. “Esse montante seria suficiente para manter seis meses de energia de graça para os brasileiros.”

O cálculo da 3G compara os índices da Eletrobrás (sem as distribuidoras) com duas empresas de geração privatizadas em 1999 e uma empresa de transmissão em 2006: Engie, AES Tietê e Cteep. O resultado mostra que as empresas privadas pagaram mais impostos ao governo e dividendos aos acionistas. E ainda investiram R$ 65 bilhões no setor. A Eletrobrás investiu R$ 84 bilhões, mas nos cálculos da 3G Radar, a empresa perdeu algo em torno de R$ 20 bilhões com a construção de empreendimentos como as hidrelétricas de Santos Antônio e Jirau, no Rio Madeira, e Belo Monte, no Xingu.

Os números são um retrato das reclamações que vem sendo feitas pelo atual presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior. Para ele, no cenário atual, a Eletrobrás não consegue competir com as concorrentes internacionais por causa das ineficiências incrustadas na empresa. Um dos entraves, na avaliação dxo executivo, são as licitações.

Por ser estatal, a empresa tem de seguir a lei 8.666, de concorrência pública, o que atrasa quase todos os processos de compra de material ou serviços. “Processos rápidos que levariam três meses podem demorar meses para ser concluído se algum concorrente não concordar com o resultado e entrar com recurso.”

Segundo Ferreira Júnior, que ficou 18 anos à frente da CPFL, até para a implementação de um programa de gestão que tem o objetivo de reduzir as ineficiências há dificuldades. A autorização para adotar o novo sistema ocorreu em setembro do ano passado, mas só foi contratada no fim de junho deste ano, conta ele.

Outro problema refere-se à estrutura inchada da estatal, que é resultado dos desmandos políticos e também de mudanças nos rumos da companhia. “Quando cheguei aqui havia muitos assessores, secretárias e motoristas”, diz o presidente da estatal.

Havia casos de três secretárias por diretores, incluindo ele. Esse foi um dos primeiros trabalhos de Ferreira Júnior no comando da Eletrobrás. “Fizemos uma reestruturação gerencial da companhia, onde reduzimos as posições de gerentes de 2.200 posições para 1.500. Isso vai dar uma economia de R$ 70 milhões por ano.”

O especialista Roberto Pereira D’Araújo, ex-funcionário de Furnas e diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), tem algumas ressalvas em relação à ineficiência da Eletrobrás. Ele afirma que ao longo dos últimos anos ela foi perdendo funções. No passado, além das atividades atuais, ela também tinha função equivalente ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a câmara de comercialização de energia. “Se a estatal ficou ineficiente, isso não é culpa dela, mas do Estado.”

O executivo destaca ainda que a MP 579, de renovação das concessões, destruiu valor da empresa. Na Chesf, diz ele, a receita líquida é de R$ 10 o MW. “Os preços são ridículos e precisam ser revistos. Mas não podemos prescindir de uma estatal no setor. O que vai ocorrer quando a iniciativa privada não quiser fazer um investimento, como ocorreu em 2001, no racionamento de energia?”, questiona.

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