Monopólio natural na geração e transmissão no sistema elétrico brasileiro
Aqueles que trabalham no setor elétrico brasileiro, principalmente os engenheiros que atuavam no planejamento, sempre souberam. Hoje, em função de circunstâncias da vida e da carreira, podem até relativizar um pouco, dizer que não é bem assim, que há maneiras de se contornar o problema.
Mas o nosso já saudoso Leslie Afrânio Terry sempre soube, sempre defendeu e, principalmente, soube mostrar com maestria a principal característica do nosso sistema. O texto abaixo pode parecer teórico ou sem importância, mas, certamente, aborda um aspecto que muda tudo!
O texto mostra principalmente a falsidade da hipótese básica que suportou a implementação de um sistema mercantil e concorrencial na geração. Ao considerar que apenas a transmissão é monopólio, e que portanto a geração poderia ser modelada como um mercado competitivo, os modeleiros do governo passado erraram feio! O modelo mercantil implementado no Brasil é um edifício cujas bases estão sobre areia movediça!
Nosso sistema é muito diferente da experiência inglesa e aqui, o sistema transmissão-geração é monopólio natural. As consequências desse erro são enormes. Todas as vantagens da regulação pelo mercado se perderam, pois as características brasileiras exigiram pesada, complexa e ainda incompleta regulamentação. Leslie mostra que toda essa complexidade, instabilidade de regras e aumento de custos estruturais, que decorreram desde a desastrada reforma implantada desde 1995, eram óbvias e poderiam ser evitadas.
A implantação de um pool de geração é o único "conserto" que pode ser feito para que não se perca as vantagens da natureza do sistema brasileiro.
O texto em anexo é o último trabalho de Leslie. Evidentemente, muitos discordarão e desdenharão do estilo matemático do artigo. Não importa. Nós, discípulos da inteligência privilegiada do Leslie, sabemos que ele tem toda a razão.
Monopólio natural na geração e transmissão no sistema elétrico brasileiro