Níveis-Meta para evitar racionamento


Para evitar racionamento, reservatórios terão metas a atingir em novembro



Daniel Rittner, Valor







Os reservatórios de usinas hidrelétricas terão metas para atingir no fim de novembro, auge do período de estiagem, para minimizar os riscos de racionamento em caso de atraso nas chuvas. Essa nova política foi aprovada na quarta-feira pelo governo e depende apenas de regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para entrar em vigor. O nível-meta dos reservatórios, conforme a medida vem sendo chamada, deixará a ameaça de racionamento a curto prazo “próxima de zero”, assegurou ontem o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.






O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do qual Chipp faz parte, definiu que os reservatórios deverão chegar a 30 de novembro de 2008 com 53% de sua capacidade máxima, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e com 35%, na região Nordeste. Esse volume de armazenamento, explicou o diretor-geral do ONS, permitirá fazer uma travessia folgada de 2009, praticamente eliminando a possibilidade de uma crise de abastecimento. A nova política já estava em discussão, mas ganhou impulso após o susto vivido no último mês de janeiro, quando o atraso na chegada das chuvas fez ressurgir a possibilidade de racionamento.






As regiões Norte e Sul ficarão fora das metas. O Norte, por ter um regime hidrológico mais previsível e represas com menor capacidade de estoque. O Sul, pela possibilidade de receber até 6 mil megawatts (MW) de energia transferida do Sudeste durante o período seco. Chipp esclareceu que a política de metas para os reservatórios levará inevitavelmente a um acionamento maior de usinas térmicas. Alcançado o nível definido para o fim de novembro, o país ganha bastante conforto no ano seguinte: estaria descartado um racionamento mesmo na hipótese de haver o segundo pior regime de chuvas das últimas sete décadas no Sudeste, durante o período chuvoso (de dezembro a abril), e o pior de toda a história na região Nordeste.






“Isso muda completamente o paradigma da operação”, afirmou Chipp, que vê na medida um passo fundamental para diminuir a dependência exagerada do regime hidrológico. “O estoque de segurança é uma providência imprescindível para que o abastecimento não dependa tanto dos períodos chuvosos”, disse.






Certo de que “vamos diminuir os sustos”, Chipp manifestou a expectativa de que os agentes do setor elétrico contribuam com o aperfeiçoamento da nova regra, que irá à audiência pública na Aneel. Os níveis-meta estabelecidos para 2008 – que serão atualizados ano a ano – estão acima dos volumes armazenados nos reservatórios em novembro de 2007. Chipp disse que a nova política minimiza o custo das medidas adotadas para evitar problemas. “Quando se toma uma medida mais perto do problema acontecer, elas ficam mais caras. É melhor usar remédio em doses homeopáticas.”

(NR-por motivos técnicos não publicamos a foto da matéria)


CanalEnergia


ONS diz que níveis-meta passam a valer após audiência pública e formalização pelo CMSE


Aprovação pelo CMSE representa mudança de paradigma na operação, evitando custo maior e antecedência menor, afirma Hermes Chipp

Fábio Couto, da Agência CanalEnergia

, OeM



Os próximos passos para a implementação dos níveis-meta estão nas mãos da Agência Nacional de Energia Elétrica e do próprio Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, a nota técnica apresentada na reunião do CMSE será encaminhada à Aneel para a audiência pública que detalhará a regulamentação. Após esse passo, o comitê ainda vai formalizar a nota técnica consolidada.


Chipp observou que a audiência pública abrirá espaço para debate a respeito de temas como o ressarcimento dos custos adicionais da geração térmica que será necessária para atendimento das metas propostas. Na avaliação do executivo a aprovação dos níveis-meta pelo CMSE representa uma mudança de paradigma na operação, uma vez que resultará em um novo produto do Programa Mensal da Operação Eletroenergética.


O PMO passará a apresentar o nível mensal de segurança, com a geração térmica e a política de intercâmbio necessários para atender os índices definidos, salientou. “Não será mais preciso esperar o armazenamento chegar ao nível previsto para colocar térmicas em operação, com custo maior e antecedência menor”, destacou Chipp, em entrevista à Agência CanalEnergia. Segundo ele, a proposta permitirá despacho térmico “em doses homeopáticas”, o que permitirá estoque nos reservatórios com um ano de antecedência, minimizando a possibilidade de racionamento.


Ainda de acordo com o diretor-geral do ONS, a aplicação dos níveis-meta tenderá a ser mais tranqüila para o setor com a regularização do fornecimento do gás natural às térmicas, com o cumprimento, pela Petrobras, do termo de compromisso firmado com a Aneel, e com a geração da energia de reserva, cujo leilão será realizado no dia 30 de julho. A modalidadede energia de reserva demandará geração pelas usinas a biomassa contratadas no certame.


O aumento da oferta do gás natural e a energia de reserva, abre espaço para a preservação dos reservatórios. Chipp comentou ainda que a proposta de leilão de eólicas do Ministério de Minas e Energia também é bem visto diante do caráter de inflexibilidade que se pode adotar para as usinas eólicas, embora em menor escala por conta da quantidade de ventos nos locais das usinas.


Os reservatórios do submercado Sudeste/Centro-Oeste terão que apresentar no final do período seco – ou seja, a partir de 30 de novembro para o período úmido de dezembro a março – armazenamento mínimo de 53%, o suficiente para atender o segundo pior ano de seca do histórico, enquanto o Nordeste terá nível-meta de 35%,cenário semelhante a do pior ano do histórico.


A reunião do CMSE que tratou da implementação dos procedimentos que dão base aos níveis-meta ocorreu na última quarta-feira, 18 de junho. Na reunião, além dos níveis-meta, o ONS destacou cenários projetados para o final de junho segundo os quais as condições de atendimento energético estariam dentro da normalidade., com custo marginal de operação em torno de R$ 72 por MWh para todos os subsistemas.



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *