Brasil pode adotar energia nuclear para substituir hidrelétricas, afirma Lula
Governo concluirá inventário de 36 mil MW hídricos até o final do mandato, para oferta na próxima década, segundo presidente
Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Expansão
O presidenteLuiz Inácio Lula da Silva admitiu que o país pode adotar a solução nuclear para substituir as hidrelétricas emperradas por questões ambientais e legais. “Ou construímos as hidrelétricas ou vamos entrar na era da energia nuclear. Não podemos ficar sem a energia para oferecer a nação”, afirmou Lula na últimaquinta-feira,3 de maio, durante a inauguração da usina Capim Branco II (MG,210 MW)do Complexo Hidrelétrico Amador Aguiar.
Segundo o presidente Lula, o governo vai concluir até o final do mandato o inventário de 36 mil MW hídricos para oferta na próxima década. Lula reafirmou que o compromisso do Programa de Aceleração do Crescimento é de construir todas as hidrelétricas necessárias para o país, inclusive as do Complexo do Rio Madeira (RO, 6.450,4 MW).
“Vamos vencer os obstáculos ambientais e legais. Não temos muitas alternativas”, disse o presidente, acrescentando que o país não pode depender de fontes eólicas e solares porque não teriam a capacidade para atender a demanda nacional. O presidente acha ainda que será contraproducente para o Brasil apelar para fontes térmicas caras e poluentes quando se tem um grande potencial hídrico.
O presidentealertou também que se as obras não forem adiante o país pode enfrentar problemasde abastecimento em 2012. Para isso, Lula sugeriu levar adiante o processo de integração energética da América do Sul através da construção de linhas de transmissão e de hidrelétricas. O potencial hídrico do continente é de 540 mil MW, informou Lula.
Para o presidente,é necessário conversar com o Ministério Público, organizações não-governamentais, órgãos ambientais e o Tribunal de Contas da União para que as ações não provoquem falta de energia no país. O Complexo Amador Aguiar écomposto pela Vale do Rio Doce (48,42%), Cemig (21,05%), Suzano (17,89%) eVotorantim Metais (12,63%). As duas usinas que compõem o complexo receberam R$ 1,1 bilhão em investimentos.