O ESTADO DE S. PAULO 01.08.97
01 de agosto de 1997
Grupo espanhol compra Coelba com ágio de 77%
Iberdrola, associado ao BBI e à Previ, paga R$ 1,73 bilhão pela estatal
baiana de eletricidade
JÔ GALAZI
RIO – O grupo privado espanhol Iberdrola, associado ao Banco do Brasil
Investimentos (BBI) e ao fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil
(Previ), comprou ontem, em leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, por
R$ 1,730 bilhão (equivalentes a US$ 1,598 bilhão), o controle da Companhia
de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), que pertencia ao governo baiano.
O ágio foi de 77,38%, já que o preço mínimo das ações em oferta,
representativas de 65,4% do capital votante, era de R$ 975,8 milhões.
Foi a maior operação de privatização estadual já realizada. “Senhor do
Bonfim estava presente aqui”, comemorou o presidente da bolsa de valores
baiana, Brorim Marmud. O leilão foi feito pelo sistema de envelopes fechados.
Composição
– A Iberdrola tem 39% do consórcio, portanto pagará cerca de R$ 675 milhões
pela aquisição de ontem. O BBI (juntamente com Brasilseg e Brasilcap,
empresas que têm como sócio a seguradora Sul América) tem 12%, a Previ, 5%
e fundos administrados pelo BBI para clientes, os 41% restantes.
Além do consórcio da Iberdrola, cujo operador no leilão foi a Corretora
Bozano, Simonsen, e o da Light, outros três concorreram à Coelba: o da Cerj,
com a chilena Chilectra, a portuguesa EDP e a espanhola Endesa, entre outros,
cuja operadora foi a Corretora Graphus; o Escelsa, associada ao Banco
Opportunity e operado pela Brascan; e o Consórcio Investco, liderado pela
norte-americana CSW, com a Corretora Omega como operadora no leilão.
Com a desclassificação da Light, a segunda melhor proposta foi a do
consórcio da Escelsa (R$ 1,620 bilhão). O consórcio da CSW apresentou a
oferta mais baixa (R$ 1,405 bilhão). O consórcio da Cerj se propôs a pagar R$
1,488 bilhão.
O pregão da Bolsa do Rio estava lotado de representantes dos
consórcios e seus assessores e de funcionários da Coelba. O sotaque baiano
misturava-se ao inglês e ao espanhol.
Envelopes
– No final do leilão, o principal comentário era sobre os ágios elevados
proporcionados pelo sistema de envelopes fechados, que os governos estaduais
estão adotando, enquanto o governo federal sempre preferiu o sistema de lances
em viva- voz, em que os preços vão subindo aos poucos, até que reste apenas
um concorrente.
No caso dos envelopes, por total desconhecimento da oferta dos demais
candidatos, ocorrem casos como o de ontem, em que a menor proposta foi 44%
superior ao preço mínimo fixado para as ações em oferta.
O vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), José Pio Borges, responsável pela Área de desestatização do
banco, disse que a realização de leilões federais por envelopes fechadas é uma
possibilidade que pode vir a ser examinada.
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