O ILUMINA na audiência pública

Prezados:

A minha experiência na audiência reforça um certo pessimismo sobre o Brasil. Uma reunião como essa, apesar de acontecer no congresso brasileiro, é apenas um teatro. As cartas estão marcadas e, se tentarmos usar argumentos técnicos e amplos sobre o problema, o “time” adversário reforça apenas o que lhes interessa esquecendo os próprios erros.

Como tentamos mostrar há tempos, a fragilização da Eletrobras é um projeto de longo prazo e muiti partidário. Isso é muito grave e vai muito além dessa nossa época tão confusa. Como o governo anterior cometeu erros, quem fosse fazer uma análise tentando esconde-los, certamente daria “bola rolando” para que eles empunhassem essa bandeira. Eu sempre acho melhor mostrar tudo e ressaltar que, o setor privado adorou esses erros, pois, olhando com cuidado, nunca se colocaram em oposição, pois, na realidade, lucraram.

O que é triste é que se percebe que, no congresso brasileiro, mesmo com os políticos preocupados com a soberania nacional, ninguém entende que o setor elétrico já é privado há uns 15 anos, com a presença de representantes PRIVADOS nas principais instituições como CCEE e ONS. Influências políticas ocorreram também justamente para implantar essa fragilização de uma instituição pública. Portanto, não existe esse setor privado distante, omisso, e irresponsável pelo que aconteceu. Não há inocentes na trajetória do setor elétrico brasileiro. Na realidade, o que seria necessário seria uma CPI sobre o modelo.

O setor elétrico brasileiro é uma prova viva que o nosso capitalismo é “fake” em termos de empreendedorismo. E vejam que o setor é um dos de mais baixo risco da economia. Contam-se nos dedos de uma mão investimentos que atuaram sem apoio do estado. O argumento de que o mercado livre contratou algumas eólicas chega a ser uma piada, pois, ao que me consta, eólicas não podem cobrir 25% do consumo brasileiro.

Eu poderia fazer o mesmo discurso do sindicalismo só para não oferecer a honestidade de mostrar TODOS os erros. Não tenho paciência para isso. Quando erro, prefiro admitir o erro justamente para não dar essa bandeira ao adversário. Infelizmente, o governo anterior e aliados estão sem discurso justamente porque procuram “dourar a pílula” das decisões tomadas. O Darcísio Perondi pegou exatamente esse deslize para mostrar que o governo “anterior” também foi privatista. E ai cala a boca dos adversários. Se fosse para privatizar colocando todos os riscos sobre os “empreendedores”, seria até mais defensável, mas, oferecer parcerias com uma estatal já repleta de outras obrigações, é pior. Só é melhor para o grupo que está no governo, que também adota uma postura ridícula ao tratar o setor privado como um ente etéreo “vítima” de erros que só favoreceu esses empresários.

Pode ser que o projeto não seja aprovado e a situação se estenda para o próximo ano. Só que a situação financeira da Eletrobras se agrava a cada dia. Resumindo, a Eletrobras não pode fazer ao mesmo tempo o “Luz para todos” e o “Parceria para todos”.

Foi o que pude fazer.

Roberto Pereira D’Araujo

 

 

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