Matéria no jornal paulistano ESTADINHO de 5 de setembro informa que “o Ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho criou o Comitê de Acompanhamento da Expansão Hidrelétrica.” Até a sigla é de som desagradável e sintomático, quem sabe um ato falho : CAEHIDRO.
Informa o Ministro que o ente é um grupo de trabalho coordenador da ” ações necessárias para tornar viável o Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico, um programa de governo para atendimento da demanda nacional”.
Para começar, deveria ocorrer ao cidadão comum e deveria ocorrer também ao ilustrado Presidente da República a seguinte e pertinente dúvida: se o planejamento é só indicativo no modelo tucano-pefelista, que Plano Decenal seria esse a ser acompanhado ?
Outro misterioso aspecto refere-se a simples e pura necessidade da criação do Grupo de Trabalho, se a Eletrobrás ainda teima em existir. No passado, essa quase ex “holding” até que cumpriu direitinho suas funções de coordenadora do assassinado Grupo Coordenador do Planejamento do Sistema (GCPS). Por outro lado também é pertinente perguntar porque o Ministro chama o Comitê de Grupo de Trabalho. Porque não criou, por exemplo, um Conselho de Planejamento do Setor Elétrico, órgão político com ampla participação de representantes das entidades da sociedade civil, que trabalharia em contato permanente com o grupo responsável pela coordenação, com as empresas elétricas, do planejamento técnico do sistema. Não sejamos cândidos em excesso ! Seria esperar demais das elaborações do Ministro. O Comitê ou Grupo de Trabalho ou que nome tenha será coordenado pelo próprio Ministro e terá como membros os Secretários de Energia e o Secretário Executivo do MME, o Diretor Geral da ANEEL, o Diretor Presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), o Presidente da Eletrobrás e representantes do BNDES, do O N S , do MAE e do Fórum de Secretários de Estado para Assuntos de Energia. Uma bela miscelânea com participação preponderantemente estatal, em deslavada contradição com os princípios basilares da gestão neo-liberal. E, por falar em contradição em relação a fixação pelo gás natural, o Ministro, através da sua Assessoria, resolveu começar a se preocupar com a vocação hidrelétrica do país. Informou a referida Assessoria que o potencial hidrelétrico brasileiro é de 260 GW e que somente 25% dessa capacidade está em operação.
Comitê ou Grupo de Trabalho com representação preponderante de dirigentes estatais : a confusão conceitual somada a degeneração da linguagem é o sintoma claro da degeneração da política.