Roberto Pereira D´Araujo
Um padeiro, preocupado com a energia de seus fornos, resolveu, ele mesmo, fazer algumas contas simples. A partir de dados do Operador Nacional do Sistema, ele decidiu imaginar que o consumo dos próximos meses vai repetir os valores de 2020 até dezembro. (hoje 6/09/21)
Nos meses de 2022, até julho, vai usar a previsão do ONS, onde a carga vai crescer só 3%.
Para ver se o estoque de energia e as afluências desse período vão ser suficientes, primeiro, ele vai deduzir da carga, a geração nuclear que é praticamente constante.
Depois, vai descontar do consumo que sobra, a importação de energia, que segundo dados do ONS, é aproximadamente 7% da carga.
Depois o padeiro desconta da carga a geração das eólicas, que, ultimamente têm coberto 10% da carga.
Depois, sabendo que a crise hídrica é séria, ele assume que as térmicas vão atender cerca de 26% da carga, que foi o que ocorreu em 2014, outra séria crise. Ele lembra a todos que aqui está o tarifaço!
Ele sabe que o Brasil, apesar de ser um país ensolarado só aproveita uma energia equivalente a 2% da carga para gerar energia a partir de fotovoltaicas. Mas, é preciso considerar.
Bem essa última coluna (Carga – Nuclear – Importação – Eólicas – Térmicas – Solar) é o que sobrou para as afluências dos rios resolverem.
Como as autoridades pregam a tragédia para disfarçar a falta de investimento, a verdadeira causa do esvaziamento, quem olha os dados, vê que o ano de 2020 não assim foi tão ruim.
A região Sudeste e Centro-Oeste teve 82% da média histórica.
A região Nordeste teve 75% da média.
A região Norte teve 94% da média.
A região sul é que foi a pior, 52% da média.
Portanto, assumindo que essas afluências de 2020 vão se repetir, essa é a energia que os rios vão disponibilizar.
Qual é o estoque que temos no final de agosto, início de setembro? Cerca de 28% do estoque máximo.
Portanto, imaginando que esse estoque e afluências nas regiões podem ser transformados em energia preservando um mínimo de 5% de reserva, e, sendo otimista, não encontram limitações de transmissão, esse é o cenário da evolução do estoque.
A conta do padeiro é o que se pode fazer para avaliar o que teremos nos próximos meses.
Há várias suposições otimistas:
- Funcionamento perfeito das nucleares.
- Importação de energia cuidando de 7% da carga.
- Térmicas atendendo 26% do consumo e provocando um grande tarifaço sem reações.
- Suposição que a energia das regiões, tanto as afluências e a reserva, transitam sem limitações de transmissão.
Com todas essas suposições otimistas, o volume dos reservatórios pode atingir apenas 6% da reserva máxima em novembro!
Contas simples, “de padeiro”, que podem conter erros, mas que também inclui otimismos, deveriam assustar qualquer um. A situação é muito grave!!
Evidentemente, São Pedro pode surpreender e nos dar afluências maiores do que as supostas, mas, a conta de padeiro quer nos lembrar que:
- Crises parecidas à atual já ocorreram no histórico. A surpresa não se justifica.
- Uma “bondade” surpreendente de São Pedro não deve ser capaz de esconder a falta de investimento. Não se enganem!
- Vivemos o perigo de ficarmos sem a ferramenta de última instância, a Eletrobras.
Muito boa Roberto essa explicação do Padeiro!
Será que o Padeiro sabe da importância da Eletrobras???
Esse padeiro tem curiosidade. Não é igual a maioria dos “padeiros”. 🙂
Roberto o padeiro que se cuide . O Guedes ,se calhar ,vende a padaria dele para ricos asiáticos amparado em alguma MP,aprovada pelo Congresso, que define que padarias tem que ser de capital estrangeiro
Roberto, muito didático esse artigo, parabéns! Gostaria de sugerir que, conforme forem virando os meses e essas informações vão sendo atualizadas, que se tenha uma atualização também desse balanço. Obrigado!
Grato URIEL
Vou tentar fazer isso.
Muito bem explicado e bem humorado (na linha do “rir para não chorar”). Parabéns!