O sistema elétrico em São Paulo

Gazeta Mercantil Caderno A – Pág. 3, 23/5/2005
Ruy Martins Altenfelder Silva – Presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Avançados (CEEA) do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)


NR-Leia no final carta endereçada ao jornal


Apesar do pesado passivo financeiro, houve ampliação da capacidade de geração.
As empresas públicas do setor elétrico do Estado de São Paulo, Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Companhia de Transmissão de Energia Elétrica do Estado de São Paulo (CTEEP) e Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) têm prestado inestimáveis serviços à comunidade paulista e brasileira.

No setor de geração de energia elétrica, a Cesp, uma das maiores geradoras do País, possui uma capacidade de 7.455,3 megawatts (MW), sendo responsável por 52% de toda a capacidade instalada no Estado de São Paulo e cerca de 9% do Brasil. O passivo da empresa, conseqüência das gestões anteriores do governo do saudoso governador Mário Covas, está sendo equacionado, inclusive com aporte de capital do acionista majoritário.

Apesar da complicada situação financeira, desde 1995 houve uma ampliação de 3.309,8 MW na capacidade de geração instalada nas concessionárias paulistas de energia elétrica, através da construção de novas unidades geradoras e da repotenciação de usinas remanescentes, cujo resultado corresponde a 30,1% de acréscimo na capacidade instalada do Estado de São Paulo. Das implantações de novas unidades geradoras destacam-se: em 1996 nas usinas de Taquaruçu (201,6 MW), Três Irmãos (161,5 MW) e Rosana (80,0 MW); em 1999, as inaugurações das Usinas de Canoas I (82,5 MW) e Canoas II (72,0 MW), das três primeiras máquinas da Usina de Porto Primavera (302,4 MW) e também da quinta máquina de Três Irmãos (161,5 MW); em 2000, mais cinco máquinas da usina de Porto Primavera (504,0MW); em 2001, a entrada de mais três máquinas da usina de Porto Primavera (311,6 MW); em 2002, mais duas máquinas da Usina de Porto Primavera (220,0 MW); o funcionamento de duas turbinas a gás da usina Nova Piratininga (200,0 MW); e ainda duas máquinas da UHE Piraju (80,0 MW); e em 2003 mais uma máquina da
usina de Porto Primavera (110,0 MW).

Na repotenciação, ressaltam-se: em 1996, nas usinas de Jupiá (140,0 MW) e Ilha Solteira (214,0 MW); e em 1997, nas usinas de Rosana (52,0 MW), Taquaruçu (50,0 MW), Nova Avanhandava (45,0 MW) e Água Vermelha (16,2 MW), todas pertencentes, na época, à Cesp. Em 2001, a Cesp também procedeu a repotenciação de 92,0 MW na
usina Porto Primavera.

Na área de transmissão de energia elétrica, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica do Estado de São Paulo é responsável pela operação de 102 subestações, com a capacidade de transformação de 38.509 MVA, abrangendo 11.781
km de extensão em linhas de transmissão e 18.266 km de circuitos de transmissão.
Para dar suporte a todo esse sistema, também, conta com uma infra-estrutura de telecomunicações constituída de 145 estações de microondas, 1.400 km de fibras ópticas e 108 centrais telefônicas. O sistema da transmissão paulista faz partedo subsistema Sudeste-Centro Oeste, integrante do Sistema Interligado Nacional.

No acumulado até o mês de fevereiro de 2005, a energia transmitida foi de19.793 gigawatts/hora (GWh), o que representou um acréscimo de 2,4% em relação ao mesmo período de 2004. No setor de distribuição de energia elétrica, operado por
empresas privadas, em fevereiro de 2005 foi de 8.251 GWh, o que representou um acréscimo de 5,9% em relação ao consumo registrado no mesmo mês de 2004. O número de consumidores, em fevereiro de 2005, era de 13,4 milhões.

O consumo de energia elétrica no acumulado do ano e nos 12 meses findos em fevereiro último apresentou acréscimo de 5,9%, quando comparados aos mesmos períodos do ano anterior. As principais classes de consumo de energia elétrica apresentaram os seguintes comportamentos:

A classe industrial, com uma participação de 44,2% do mercado total, apresentou em fevereiro último um acréscimo de 5,3% em relação ao consumo de fevereiro/2004. O consumo no acumulado do ano e o de 12 meses findos em
fevereiro último registrou taxas de 6,2% e 7,8%, respectivamente, em relação aos mesmos períodos do ano anterior.

O segmento residencial, com 25,7% de participação no mercado total, registrou um
acréscimo de 4,5% nesse mês em relação a fevereiro do ano passado. Essa classe também apresentou taxas de 4,9% de crescimento no acumulado do ano e de 4,5% de acréscimo nos 12 meses findos em fevereiro último. O número de consumidores residenciais, em fevereiro último, era de 11,9 milhões e a média do consumo por
consumidor residencial foi de 178,6 kWh.

A classe comercial, com uma representação de 17,9% do mercado total, apresentou acréscimo de 3,7% no consumo desse mês em relação a fevereiro do ano passado.
No consumo acumulado do ano e no de 12 meses findos em fevereiro último houveacréscimos de 2,8% e 4,3%, respectivamente, em relação aos mesmos períodos de 2004.

Como se verifica, é excelente a qualidade dos serviços prestados pelas empresas do setor elétrico do Estado de São Paulo. O equacionamento do passivo de uma das empresas, a Cesp, herdado pelo governo Mário Covas, não deve ofuscar os
bons serviços que a população vem recebendo devido à qualidade da gestão das empresas e também do excelente nível do seu corpo funcional.


Comentário: O ILUMINA reproduzcarta endereçada ao Jornal


Leitor atento e respeitador de Vossa linha editorial, sirvo-me do espaço democrático que a Gazeta Mercantil oferece a seus leitores para oferecer
alguns esclarecimentos sobre o artigo “O sistema elétrico em São Paulo”, de autoria do Sr. Ruy Altenfelder Silva, na Gazeta Mercantil, em 23/05/05:

1. É de se observar que o autor, que há mais de 10 anos é membro dos Conselhos de Administração das empresas CESP, CTEEP e EMAE, esqueceu de citar que o passivo da CESP “herdado pelo Governo Mario Covas”, ao invés de ser saneado,
foi dramaticamente agravado pelas privatizações efetuadas pelas gestões Covas/Alckmin. O modelo então adotado privatizou a parcela ótima, os ativos
efetivamente geradores de receita (vendeu o filet), e não privatizou sequer 1 centavo do “passivo herdado”.
2.A venda desses ativos – CPFL, Comgas, Eletropaulo, CESP Tietê e CESP
Paranapanema -, renderam QUASE 8 BILHÕES DE DÓLARES aos cofres estaduais, valores extraordinários que se constituiram em RECEITAS ADICIONAIS, extra-orçamento do Estado. São receitas que não se repetirão nos futuros
governos, haja vista que não é toda hora que se pode vender a “galinha dos ovos de ouro”.
3.O Sr. Altenfelder cita que o passivo da CESP “está sendo equacionado, inclusive com aporte de capital do acionista majoritário”. O autor, novamente, esqueceu-se de mencionar que o referido aporte de capital, caso ocorra, se dará
pela venda de mais um ativo rentável de propriedade do Estado de São Paulo: a
CTEEP-Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista que, em 6 anos de existência, auferiu R$ 850 milhões de lucro e distribuiu dividendos de R$ 470 milhões, dos quais R$ 180 milhões foram destinados aos cofres do Estado
de São Paulo. A atual capacidade de geração de caixa da CTEEP é de cerca de 600 milhões de reais por ano e ela tem cerca de 550 milhões já em caixa. Apesar disso, o governo estadual pode arrecadar apenas 600 a 800 milhões com a venda da CTEEP, conforme anunciado, o que será um escandalo digno das piores e nada saudosas privatizações ocorridas.
4. É importante registrar que, mesmo com todos os recursos das privatizações efetuadas, as dívidas tanto do Estado quanto da CESP continuaram subindo; o Estado não resolveu seus problemas e criou outros, piores. A CESP já pediu socorro ao BNDES em 2002 (550 milhões de dólares), em 2003 (650 milhões de reais) e de novo em 2003 (1,35 bilhões de reais). Está claro para os analistas
que os recursos da venda da CTEEP estarão prestes a “evaporar” ou serem “vertidos” pelas mesmas engrenagens.
5. Neste momento, em que se procura consolidar as bases de um novo modelo e conquistar a confiança dos investidores, não parece atender ao interesse público criar tal turbulência, inserindo dúvidas sobre a confiabilidade do atendimento em energia elétrica que não prejudique o desenvolvimento paulista.
A proposta do governo estadual não tem por objetivo a busca da melhoria da qualidade dos serviços de transmissão de energia; não visa conquistar a confiança dos agentes privados para investimentos na ampliação da oferta de energia e garantir ao consumidor final a redução dos custos com a conseqüente redução das tarifas. Pelo contrário, a proposta coloca em risco toda a
engenharia operacional atualmente praticada pela CTEEP na manutenção, operação e supervisão de sua malha de extra-alta tensão.
6. Por último, ressaltamos que o autor deve se lembrar de todos esses acontecimentos pois, repetimos, como membro do Conselho de Administração da CESP, CTEEP e EMAE, aprovou (assim como aprovará) todas as ações de gestão de caráter administrativo ou societário encaminhadas ou a serem encaminhadas pelo Governo Estadual, do qual é fiel representante.


Atenciosamente,
José Paulo Vieira
Doutorando em Energia pela USP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *