Nem sempre recebemos elogios. O ILUMINA recebeu a seguinte mensagem a respeito do nosso artigo sobre comparações internacionais de tarifa:
Nome: Jimmy
E-mail: listas@bigfoot.com
Área: Cartas e Opiniões
Mensagem: Quite sad your comparison regarding international power prices. Wrong assumptions lead to wrong conclusions. Brazilian power industry is quite competitive but the people are too poor to pay even those cheap power bills? Stop trying to improve your power industry and start reducing poverty. So you will be happy at paying inefficient power prices (and other goods and services as well….)
Traduzindo, nosso “admirador” Jimmy diz:
“Muito triste sua comparação de tarifas internacionais. Suposições erradas levaram a conclusões erradas. A indústria de energia brasileira é bastante competitiva mas as pessoas são muito pobres para pagar mesmo essas contas baratas. Parem de tentar melhorar a sua indústria de energia e comecem a reduzir a pobreza. Assim vocês ficarão felizes ao pagar preços de energia ineficientes (e outros bens e serviços também…)”
É uma excelente oportunidade para mostrar o grande equívoco do nosso crítico. O nosso leitor, que lê português, mas escreve em inglês, não compreendeu que não se trata de um preço caro porque a povo é pobre. Não é uma comparação com a renda da população. É uma comparação com outros preços! A prova é que as reclamações nãovêm só das famílias pobres. A indústria e o comércio também estão denunciando essa mudança brusca de preço relativo.
Como o mesmo efeito acontece com a Polônia, Portugal e Rep. Eslovaca, MR. Jimmy deveria dirigir a mesma reclamação a OCDE, que sugere a Paridade do Poder de Compra para comparar preços entre seus países membros.
Mr. Jimmy, se você ainda não entendeu: Vamos supor que só existissem 2 produtos nos países: Eletricidade e camisas e quiséssemos saber quantas camisas equivalem uma conta de 200kWh. Aqui no Brasil com os equivalentes US$ 17 compra-se muito mais camisas do que com os US$ 17 compra nos Estados Unidos. Portanto, relativamente, a energia aqui é mais cara do que lá pois seu consumo equivale a mais camisas do que lá. O que a tabela diz é que, indexando o preço de energia pelo número de camisas, estaríamos com um nível de preço equivalente ao do Japão. Agora é só trocar camisas por uma cesta variada de produtos e serviços. Não tem nada a ver com renda das famílias.
Quanto aos conselhos sociais de Mr. Jimmy, esperamos que ele entenda que para reduzir a pobreza precisamos saber o que está pressionando os orçamentos das famílias. Se lesse as notícias sobre roubo de energia, incêndio em favelas pelo retorno ao uso da lenha, entenderia que hoje os serviços públicos em geral estão na raiz da estagnação da condição social brasileira. Afinal, o que é a pobreza senão um conceito relativo?