ONS se prepara para o racionamento de energia JB 16/3/01 Medidas incluem corte de fornecimento em bairros, iluminação pública e fábricas GABRIELA LEAL BRASÍLIA – O Operador Nacional do Sistema Elét …

ONS se prepara para o racionamento de energia

JB 16/3/01

Medidas incluem corte de fornecimento em bairros, iluminação pública e fábricas


GABRIELA LEAL


BRASÍLIA – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já está se preparando para o pior: a hipótese de o país vir a ser obrigado a racionar o fornecimento de energia aos consumidores. Para isso, nesta segunda-feira, as metas visando a redução do consumo de energia serão divulgadas com base na hipótese de se adotar o racionamento em razão dos baixos níveis dos reservatórios das principais bacias da região Sudeste.


A informação foi dada ontem pelo conselheiro da ONS, Fernando Quartim. Se a necessidade de economia de energia for pouca, o racionamento deverá atingir os consumidores residenciais e a iluminação pública dos estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Se o montante a ser economizado for alto, o racionamento vai chegar às indústrias, principalmente as de consumo intensivo, explicou.


Apagões – O conselheiro, que também integra o conselho do Mercado Atacadista de Energia (MAE), adiantou que poderiam ser adotadas medidas como o corte do fornecimento de energia em determinados bairros e por algumas horas, em esquema de rodízio, e em dias alternados. Outra seria reduzir a iluminação pública, alternando o funcionamento dos postes.


”Isso reduziria à metade os gastos, mas poderia contribuir para aumentar a violência nos grandes centros”, observou Quartim. O racionamento nas áreas residenciais, avalia, ”é chato, mas não provocaria perda significativa à economia nacional”, disse.


Ele ressaltou, entretanto, que a adoção do racionamento ”é uma decisão de governo” e que só será necessária caso não ocorram chuvas intensas até o final de abril. Os níveis dos reservatórios das regiões Sudeste (que inclui a Centro-Oeste) e Nordeste estão muito baixos – cerca de 34% contra os 50% ideais. As alternativas serão apresentadas ao ministro de Minas e Energia, José Jorge, na reunião que está marcada para a próxima terça-feira, dia 20. O conselheiro da ONS foi o primeiro a falar abertamente sobre o assunto.


”Se ele (o ministro) com a racionalização conseguir economizar energia elétrica é ótimo”, observou Quartim. ”Mas não vejo que a racionalização consiga economizar uma quantidade significativa de energia”, completou. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, negou a existência de qualquer plano para racionamento de energia elétrica. Para ele, só deve falar do problema quando e se ele de fato existir. ”A gente não tem o que não precisa ter”, declarou.

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