Parceiros indesejados

O ILUMINA sempre se manifestou contrário ao processo de privatização da forma como foi concebido no Brasil. Aqui, a lógica da alienação dos ativos como estratégia para diminuição da dívida pública, sempre insuficiente, se sobrepôs ao objetivo de modernização do setor e estabelecimento de um paradigma capaz de atrair o capital privado mantendo o espírito público.


O ILUMINA sempre se manifestou contrário à adaptação do modelo inglês de organização do mercado ao nosso setor. Apresentamos razões estruturais, todas advindas da natureza do nosso sistema que evidenciavam que as tentativas de implantação resultariam num sistema custoso, complexo, injusto e sempre incompleto, pois incapaz de transformar uma realidade objetiva em outra radicalmente distinta.


O ILUMINA considera que, dado o nosso incompleto e desigual mercado de energia, reflexo da desigual e injusta situação econômica brasileira, é ainda necessário que o estado defina políticas públicas que sejam capazes de prover um crescimento da oferta de energia que não impliquem em um retrocesso no já grave cenário de desigualdade da nossa sociedade. As forças de mercado, por definição, são incapazes de prover essa transformação.


O ILUMINA tem suas próprias idéias sobre essas questões. Sua atuação se dá sem vínculos partidários.


Temos grandes convergências em relação ao novo modelo do setor elétrico, entretanto, mantemos nosso direito de criticar construtivamente. Esse não alinhamento e essa independência têm causado interpretações errôneas de nossas posições por parte daqueles que ainda permanecem insistindo numa indefensável experiência que já demonstrou sua capacidade desagregadora e contrária ao interesse da sociedade brasileira.


Rechaçamos qualquer tentativa de, através de manipulações de nossas declarações, nos colocar contrários às modificações propostas pelo governo. Evidentemente, não somos aliados daqueles que provocaram o caos no setor e agora vêm lançar maus presságios contra o futuro do país. As pequenas divergências que temos a respeito da condução da reforma, não nos alinham com o outro lado. Muito pelo contrário. Na realidade, nossas críticas são todas centradas na possibilidade de permanência de alguns absurdos criados pelo modelo anterior.


Consideramos o repúdio a priori que parte da elite desse país tem por qualquer coisa que signifique política de estado, um grave sintoma de subdesenvolvimento. Esse pensamento, sempre associado a um discurso de modernidade, não tem respaldo nas experiências dos países desenvolvidos, onde as discussões sobre o caráter público do serviço de energia elétrica permanecem atuais e estão no centro das questões de interesse da sociedade. Muito menos tem respaldo na nossa própria vivência.

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