Reajuste do gás poderá custar US$ 400 mi à Petrobrás
A Petrobras pode ter um custo extra superior a US$ 400 milhões ao ano caso o aumento do gás proveniente da Bolívia seja reajustado em US$ 2, como pretende o governo boliviano. O aumento não será repassado aos consumidores, decidiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A crise do gás pressiona a estatal a retomar projetos de ampliação da oferta nacional. A construção do Gasoduto Sudeste-Nordeste, interrompida em 2005, está de novo entre as prioridades. A Petrobras antecipou a construção de seu último e maior trecho, entre Cacimbas (ES) e Catu (BA). O vencedor da licitação será conhecido nos próximos dias,o diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer.
F.Couto,Agência CanalEnergia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmouque um eventual aumento no preço do gás natural boliviano incidirá sobre a Petrobras, sem impacto para os consumidores. Segundo o presidente, o governo vai centrar esforços em negociações com a Bolívia. “O gás não aumentará, mas se aumentar, será para a Petrobras, não para os consumidores”, disse. Na última quarta-feira, 3, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, rechaçou qualquer possibilidade de aumento nas tarifas. Em discurso feito na inauguração da hidrelétrica Aimorés (MG/ES, 330MW), construída pelaCompanhia Vale do Rio Doce em parceria com a Cemig, Lula disse que o país não pode ficar dependente do gás natural boliviano, já que o país dispõe de condições de estabelecer uma matriz energética que atenda a demanda sem necessidade de complementação com compra de países vizinhos. Ele comparou a crise com o país vizinho com o racionamento ocorrido entre 2001 e 2002. De acordo com o presidente, a falta de energia foi avisada com antecedência. Hoje, acrescentou, os sinais também já foram emitidos. “92% dos bolivianos aprovaram em plebiscito a nacionalização das reservas”, salientou. Com relação à crise iniciada com o decreto do presidente Evo Morales que nacionaliza reservas e estatiza refinarias, Lula disse que a iniciativa foi adotada em diversas ocasiões, por diversos países. Embora reconhecendo a soberania da Bolívia, o presidente ressaltou que o Brasil tem direito de preservar seus interesses. Lula contou ainda que a Petrobras poderá fazer investimentos “em qualquer parte do mundo”, desde que a operação resulte em lucro.