Quanto vale a Eletrobras? – O GLOBO

Análise do ILUMINA: Quem não conhece a história da energia no Brasil, ao ler o artigo do atual presidente da empresa, pode pensar que essa tal de Eletrobras é apenas um cabide de emprego, contumaz produtora de prejuízos, sem realizações a não ser as no passado e sem qualquer função no futuro.

É muito estranho que o Sr. Wilson, técnico experiente do setor, interprete “as amarras” da empresa apenas ao controle estatal e questões relacionadas ao número de funcionários.

Todos sabem que a propalada “ineficiência” da empresa está fortemente relacionada ao pouco “apetite” do setor privado para realizar investimentos sem uma ajudinha do estado. Por isso tem 178 parcerias que não lhe dão retorno, pois foi preciso agir como um BNDES II. O “controle estatal” agiu para facilitar justamente o setor privado que o Dr. Wilson elogia como “eficiente”.

Mas, o que depõe contra a experiência do atual presidente e de muitas outras autoridades do setor é nunca ter mostrado seus conhecimentos energéticos sobre a Nota Técnica no 385/2012-SER/SRG/ANEEL que estabeleceu tarifas irrisórias para usinas da empresa. Qualquer engenheiro eletricista com uma máquina de calcular poderia denunciar os irrisórios e absurdos valores  impostos à Eletrobras. É uma questão de ética profissional, porque bastaria rever o critério adotado para conseguir uma trajetória de reequilíbrio financeiro sem necessidade de privatizar. Afinal, entre os R$ 25/MWh irrisórios e os desejados R$ 200/MWh, há uma infinidade de valores intermediários. Um deles resolve o desequilíbrio da Eletrobras.

Sobre os aportes do Tesouro que “poderiam ser destinados à saude e educação”, não precisa recuar alguns anos para encontrar alguns bilhões de reais da Eletrobras para socorrer o superáit primário do Tesouro. Como garantir que o atual aporte do Tesouro não se destine exatamente ao “socorro” as privados desanimados?


POR WILSON FERREIRA JUNIOR 

Quinta maior geradora hidrelétrica do mundo, a Eletrobras tem o desafio de aumentar seus investimentos, nos próximos anos, para atender à expansão da demanda, sobretudo em fontes de energia renováveis. Por isso, a atual gestão vem promovendo um processo de reestruturação interna e se preparando para democratizar o capital da companhia.

Num mundo de grandes corporações no setor elétrico, a Eletrobras tem tudo para ocupar um lugar de destaque. Hoje, sob controle estatal, a empresa tem amarras que a impedem de crescer com rapidez e de competir em pé de igualdade com outras corporações.

A União tem 60% do capital da Eletrobras. Após o processo de emissão de novas ações, o capital deve ser pulverizado, fazendo com que essa participação recue para menos de 50%. Outros investidores ingressarão na companhia, e a fatia da União ficará percentualmente menor. No entanto, com a perspectiva de valorização, a União terá muito a ganhar. Embora com uma quantidade menor de ações, ela continuará sócia relevante de uma empresa muito maior e mais eficiente, que terá mais lucros e pagará mais impostos — e, por isso, valorizará ainda mais suas ações.

Nesse processo, que não é uma privatização clássica, como muitos apregoam, um dos pontos que suscitam debates mais acalorados é sobre o valor justo da companhia. Como a empresa não será vendida ou leiloada, a discussão do valor perde sentido.

O valor patrimonial da companhia hoje é de R$ 46 bilhões e, no mercado de capitais, ela está avaliada em R$ 29 bilhões: valorizou-se mais de três vezes desde o início de 2016. Note-se que essa melhora é fruto da boa percepção dos investidores sobre os rumos da companhia e de suas oportunidades de crescimento, aumento de eficiência e melhoria de governança no futuro.

Pensando nessa Eletrobras que se quer para o futuro, a atual gestão tem adotado várias medidas para cortar custos e aumentar a produtividade. O Plano de Aposentadoria Extraordinária, por exemplo, reduziu o quadro de pessoal em cerca de 2,1 mil colaboradores, com economia de cerca de R$ 880 milhões por ano. Outras medidas — como o uso racional de imóveis da empresa, com venda de prédios e terrenos, e a privatização de seis distribuidoras deficitárias de Norte e Nordeste — agregarão ainda mais valor à Eletrobras. A implantação de um Centro de Serviços Compartilhados e a redução de cargos gerenciais e de assessoria vão gerar economia adicional de mais de R$ 781 milhões por ano.

O endividamento está sendo reduzido. Já foi 11 vezes a geração de caixa da companhia e está em 4,1 vezes. A meta é chegar a menos de quatro, no fim deste ano.

Todas essas medidas podem aproximar o valor de mercado da companhia do seu valor patrimonial. Muito mais ainda poderá ser feito quando a empresa estiver sem as amarras do capital estatal, com agilidade para fazer negócios e fechar contratos. Quando isso acontecer, a Eletrobras poderá investir mais e fechará suas contas sem depender de aportes do Tesouro Nacional — somente em 2016, a empresa consumiu R$ 3 bilhões que poderiam ter sido destinados à saúde, à educação e à segurança pública. Além disso, terá condições de competir em igualdade de condições com as corporações do setor de energia, assumindo papel de protagonista entre os grandes players mundiais, especialmente no Brasil, onde contribuirá para o nosso desenvolvimento, gerando empregos por meio de investimentos no setor elétrico.

Wilson Ferreira Junior é presidente da Eletrobras

 

 

 

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