Reestruturação da Eletrobras segue à espera da privatização – Entrevista com Wilson Ferreira – Revista Época

Análise do ILUMINA: O que se percebe nessa entrevista do atual presidente é, que, para ele, a história da Eletrobras começa em 2012. Antes disso, o “eficiente” engenheiro estava em Marte.

Mais ainda, ao omitir os caminhos que levaram a Eletrobras a essa situação, também não menciona onde estava o setor privado nesse trajeto.

Já que ele está com amnésia, o ILUMINA aplica um “memoriol”:

  1. As distribuidoras que dão prejuízos foram rejeitadas pelo setor privado na década de 90. Bem, se o papel da ideologia do “privatizando tudo se resolve” só quer o que dá lucro, não nos serve. Nenhuma responsabilidade da ideologia que, agora, mais uma vez, propõe a mesma receita?
  2. O plano de salvar a empresa através de aposentadoria compulsória, além de desconsiderar os valores individuais de profissionais formados na empresa, simplesmente transfere problemas para os planos de aposentadoria.
  3. Apesar do “tiro no pé” mais mencionado pelo Dr. Wilson ser a MP 579, sua amnésia provoca o esquecimento da descontratação das usinas da empresa em 2003 que, por outros meios, impôs ganhos irrisórios semelhantes à MP 579 pela energia gerada. E onde estava o setor privado nesse momento? Aproveitando o Bolsa MW no mercado livre. Não sera mais honesto reconhecer esses papéis pouco “eficientes” impostos?
  4. Outro assunto preferido do Dr. Wilson são as SPEs, parcerias que só dão prejuízo à Eletrobras, sempre minoritária. O parceiro majoritário é o setor privado, esse que vai salvar o país. Pergunta incômoda: Se é assim tão pujante, porque precisou de BNDES e Eletrobras para se “animar”? Vamos abrir essa caixa preta antes de vender? O TCU está de olho!
  5. Quantas são as usinas que deveriam ser construídas para o mercado livre, esse que o Sr. apoia expandir? Nenhuma! Lembrou? Nada a ver?
  6. O discurso de que o prejuízo da Eletrobras está tirando recursos da saúde, educação e segurança é mais falso do que uma nota de R$ 3. Basta consultar dados do Banco Central para descobrir pagamentos de dividendos ao estado falido que chegam a R$ 14 bilhões!
  7. Por fim, como não poderia deixar de ser, São Pedro é o culpado pelo fato da descotização ter jogado no colo do consumidor a conta do risco hidrológico. Dr. Wilson, se não há investimento em novas fontes para um consumo que cresce 4.000 MW/ano, os reservatórios se esvaziam! Onde estava o setor privado? Dê uma olhada na estagnação da carga do sistema e veja que, mesmo assim, estamos com os níveis baixos e bandeiras tarifárias na maioria dos meses. São Pedro o único culpado? Vamos analisar os dados hidrológicos e ver se essa “pior seca da história” é inédita???

Como já se sabe, nesse governo, debate, só com quem concorda.


LIANA MELO

12/03/2018 – 08h01 – Atualizado 12/03/2018 15h29

A Eletrobrás não tem plano B. A privatização é a meta número um para 2018, mas o presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, está de mãos atadas. A venda das seis distribuidoras de energia do Norte e Nordeste não depende dele, mas do governo. No começo da semana, ficou claro que não será fácil aprovar o projeto de lei de privatização da estatal.

Considerando a proposta de privatização da companhia, quais serão as prioridades da gestão da Eletrobrás em 2018?

Desde que a atual gestão assumiu, em meados de 2016, vem promovendo uma profunda reestruturação na companhia, o que permitiu que seu valor de mercado passasse de R$ 9 bilhões para quase R$ 30 bilhões. A empresa regularizou seus balanços de 2014 e 2015 e voltou a ser negociada na Bolsa de Nova Iorque, aprimorou mecanismos de controles internos e governança e voltou a dar lucro. Após prejuízos de mais de R$ 30 bilhões registrados entre 2012 e 2015, a Eletrobras registrou lucro de R$ 3,4 bilhões em 2016 e de R$ 2,2 bilhões nos nove primeiros meses de 2017.  A empresa vem reduzindo seu nível de endividamento, que estava em nove vezes a sua geração de caixa. Já reduzimos para 4,1 vezes e a meta é ficar abaixo de três vezes em 2018.Para este ano, temos ainda o objetivo de vender as seis distribuidoras de energia de Norte e Nordeste, concentrando o foco da nossa atuação em geração e transmissão, que são as principais vocações da empresa. A Eletrobras responde por um terço da geração de energia do país e por quase metade das linhas de transmissão. Temos ainda o plano de vender nossas participações minoritárias em 74 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) de geração eólica e transmissão. Já fizemos um Plano de Aposentadoria Extraordinária (PAE), com adesão de 2.100 funcionários e economia de R$ 880 milhões.

Agora, estamos com um plano de incentivo à demissão em curso para reduzir nosso quadro de pessoal, o que será possível graças à implantação de um Centro de Serviços Compartilhados. Com tudo isso e a venda das distribuidoras, vamos reduzir nosso quadro de funcionários praticamente à metade. Estamos também adotando um programa de uso racional dos imóveis, concentrando nossas atividades em menos prédios. No Rio de Janeiro, por exemplo, reduziremos de seis para um o número de prédios ocupados pelos escritórios da companhia. As economias esperadas são superiores a R$ 3 bilhões/ano.

Estou enumerando esses dados para responder que o foco da nossa administração sempre foi fazer da maior companhia de energia elétrica da América Latina, também a mais eficiente. Esse é nosso Plano A e nossa prioridade absoluta.

Com relação à proposta enviada ao Congresso Nacional, que tem como objetivo democratizar o capital da empresa por meio de emissão de ações, consideramos esse o melhor caminho para fazer com que todas as mudanças que estamos implementando sejam sustentáveis ao longo do tempo.

Como a empresa vê o cenário político-econômico e social brasileiro para 2018 e até que ponto as externalidades (eleições, reforma trabalhista e da previdência etc) afetam a empresa?

O Brasil tem vários desafios em 2018, mas a desestatização da Eletrobras tem papel importante, pois vai aumentar o nível de investimentos em infraestrutura no país, criando empregos e permitindo que o Tesouro Nacional canalize recursos para as áreas nas quais o governo deve realmente investir, como saúde, educação e segurança. Em 2016, a Eletrobras, ainda bastante endividada, exigiu aportes de quase R$ 3 bilhões da União. A situação fiscal do país não permite que a empresa continue demandando recursos públicos, que devem ser direcionados, prioritariamente, para saúde, educação e segurança. Não creio que a realização das eleições ou a votação das reformas atrapalhe o calendário da desestatização da Eletrobras. O Brasil tem pressa para ampliar a oferta de energia, reduzir tarifas ao consumidor e incrementar investimentos e tenho a convicção de que o parlamento brasileiro é sensível a essa causa.

Quais são os possíveis obstáculos que podem atrapalhar o ano de 2018 para a Eletrobras?Levando em consideração o exposto no Desafio 22: Excelência Sustentável, o nosso Plano Diretor de Negócios e Gestão 2018-2022, não há nada que possa atrapalhar a Eletrobras. A questão da desestatização é uma medida que irá garantir que as mudanças que estamos efetuando na companhia se perpetuem ao longo dos anos, mas desde 2016 estamos trabalhando para tornar a companhia mais eficiente e temos obtido sucesso nas nossas metas. Ainda que a desestatização não ocorresse, e eu tenho plena confiança no fato de que ela ocorrerá, a companhia ainda estaria caminhando no rumo certo: o da eficiência.

O senhor está otimista ou pessimista para 2018?

Estamos otimistas porque o processo de reestruturação da empresa vem avançando num bom ritmo, com venda de ativos, redução de custos e de endividamento. Quanto ao setor de energia, sob o comando do ministro Fernando Coelho Filho, também percebemos grande avanço no marco regulatório no setor elétrico e de óleo e gás. A inflação está sob controle, os juros caíram e tivemos melhoria no ambiente de negócios. A Eletrobras, como empresa líder no setor, precisa estar preparada para contribuir com o país nesse cenário. Por essa razão, priorizamos a conclusão de obras importantes, como as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, a térmica Mauá 3 e a linha Belo Monte Transmissora. Em 2018, devemos concluir São Manoel e, em 2019, Belo Monte. A perspectiva da desestatização abre espaço para que a Eletrobras volte a sonhar com novos investimentos, a partir da participação em novos leilões.

Especificamente sobre as eleições, como o senhor vê o peso de candidatos contrários à privatização no processo decisório?

Eu acredito firmemente que a sociedade brasileira está convencida da necessidade de melhorar a qualidade do gasto público e de concentrar recursos em áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança pública. A redução do tamanho do Estado e a consequente privatização de estatais está alinhada a esse anseio legítimo do povo.

Em que a privatização afetará diretamente o bolso do consumidor?

A desestatização da Eletrobras dará uma contribuição importante para a redução das tarifas. O consumidor vem sofrendo no bolso o impacto da MP 579, de 2012, que instituiu o regime de cotas para a comercialização da energia. O que o projeto de lei propõe é uma descotização gradual, a ser feita no prazo de três a cinco anos, e que permitirá que o consumidor deixe de arcar com o risco hidrológico. Ou seja, hoje, se enfrentamos um período severo de estiagem e os níveis de reservatórios baixam muito, o consumidor paga, quase automaticamente, um valor maior na sua conta, com o regime das bandeiras tarifárias. Com a descotização, a administração desse risco voltará a ser do gerador. E, além disso, um terço dos recursos levantados com a privatização será direcionado à redução de encargos, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com impacto direto na diminuição da tarifa.

Como a Eletrobrás pretende participar das novas fontes renováveis depois de privatizada? Qual será o caminho a ser seguido?

A ampliação das fontes renováveis, como solar e eólica, é um imperativo para o Brasil. Não podemos depender só das hidrelétricas, apesar de elas serem fontes geradoras importantes de uma energia farta, firme e a preços competitivos. Os preços altos que registramos nos últimos anos é fruto de um desarranjo do setor causado pela MP 579, seguido de um dos maiores períodos de seca da história. Entretanto cabe destacar que hoje existe o regime de leilão para novos empreendimentos de geração, seja de que matriz for. Quando for desestatizada, a companhia terá mais recursos para entrar nesses leilões e ampliar sua participação no parque gerador do país.

O Brasil vai retomar sua presença no mundo?

O ano de 2018 pode ser considerado um ano de virada para a Eletrobras, é preparatório para uma virada ou isso não se aplica? Por quê?

Acredito que a virada começou quando a atual direção, apoiada por um Conselho comprometido com a eficiência, foi empossada em 2016, e com o total apoio de um governo que tem a coragem de propor uma agenda do futuro. A partir daí começamos a mudar a companhia. Porém é inegável que este será um ano de virada para a empresa, com a perspectiva da desestatização. E uma virada não apenas para a Eletrobras, mas para o Brasil, que abraça uma agenda contemporânea e ganha uma empresa capaz de disputar nas mesmas condições com gigantes do setor que hoje estão em nosso país.

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