Risco de desabastecimento

Estudo aponta para risco de desabastecimento no Nordeste a partir de 2008


Pelo levantamento, feito pela Secretaria de Infra-Estrutura do Ceará, a possibilidade de uma nova crise de energia em 2008 é superior a 25%

G.Oliveira,Agência CanalEnergia


Estudos feitos pela coordenadoria de energia da Secretaria de Infra-Estrutura do Estado do Ceará apontam para um risco de desabastecimento na região Nordeste a partir de 2008. Pelo levantamento, o risco de uma nova crise de energia na região a partir daquele ano é superior a 25%, tendo como parâmetros os patamares de carga e a base média de utilização de demanda de pico apresentadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico para a região. Nos cálculos da Empresa de Pesquisa Energética, o cenário é confortável para o Nordeste, com um risco de desabastecimento de 4,8%, segundo a secretaria.


Por enquanto, estamos com bons níveis dos reservatórios. Mas até quando ficaremos na dependência das chuvas?”, questionou Adão Muniz, coordenador da área.


Atualmente, segundo ele, a matriz energética do Nordeste é praticamente representada pela hidroeletricidade, com pequena participação de termelétricas e outras fontes alternativas. No caso do Ceará, por exemplo, 99% da matriz é composta por hidroeletricidade e 1% por usinas eólicas.


A matriz estadual possui ainda duas térmicas, que somam 512 MW, com contratos por disponibilidade. Ou seja, essas usinas só produzem energia elétrica quando solicitado pelo ONS. Além da dependência das chuvas, Muniz ressaltou ainda a indefinição em torno da oferta do gás natural no país. De acordo com ele, não há garantia de gás suficiente para atender às máquinas de termelétricas no país.


Outra preocupação do coordenador é com o andamento dos projetos eólicos inscritos no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. Segundo Muniz, os empreendedores estão com dificuldades para implantar as plantas eólicas, em função, principalmente, da exigência legal de nacionalização dos equipamentos na ordem de 60%.


Estamos passando por uma situação parecida com a vivida antes do racionamento, nos anos de 1999 e 2000. Precisamos adotar medidas urgentes para que o mesmo cenário não se repita“, previu Muniz, que está na secretaria estadual desde 1998. Na avaliação do coordenador, a região Nordeste precisa diminuir a sua dependência da hidroeletricidade para evitar crises de energia futuras.


Para isso, contou ele, o governo precisa aumentar a confiabilidade de linhas de interligação para a região, oferecer garantias reais de disponibilidade de gás natural e apostar em outras fontes de energia elétrica.


A eólica seria uma delas. Segundo Muniz, somente no estado do Ceará, há um potencial de 25 mil MW ainda a serem explorados, considerando regiões viáveis pelo governo estadual e órgãos ambientais. Outra alternativa seria a energia produzida pelas ondas. Neste caso, o coordenador disse que apenas o litoral cearenese teria uma capacidade instalada de 12 mil MW.

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