Roda Viva com o Ministro Fernando Coelho – Nossas observações.

 

 

As observações estão vinculadas aos minutos do programa:

2.16 – O que é essa tão falada eficiência? Vão trocar as turbinas das usinas? Já que o problema é esse, qual o sistema mais eficiente? O anterior a 1995, (custo do serviço ou return rate regulation, para os que acham que é invencão brasileira) que conseguia vender energia por R$ 43/MWh sem prejuízo para as empresas, ou o atual, que vende a R$ 206/MWh, mesmo com perdas das empresas estatais que são obrigadas a vender por R$ 20/MWh (aumento de 134% real 1995 -2016)?

3: 01 – Como votou o ministro e seu partido na aprovação da MP 579, que ele agora critica? Por que o experiente dirigente não procura saber se outros países aceitam “retirar” usinas de empresas que as construíram, apesar de estarem cumprindo o contrato de concessão?

7:19 – Que condições o estado brasileiro tem de cuidar apenas de “saúde, segurança e educação”, quando vemos um setor privado mergulhado em subsídios, isenções, revisão de dívidas? E ainda pendurado no BNDES e em parcerias com a Eletrobras, sempre minoritária e assumindo prejuízos?

8:34 – É impressionante como se argumenta a venda de estatais como a única maneira de “protege-las”!! O Ministro e a debatedora parecem não conhecer a simples adoção de mandatos fixos para a diretoria e contratos de gestão entre o estado e a empresa. Isso serve para que sejam bem definidos os limites nos quais o estado pode requisitar açoes da empresa e vice-versa. É assim que países desenvolvidos e capitalistas mantêm empresas públicas. No Brasil não tem jeito?

10:05 – Mendonça de Barros esquece que, no passado, justamente por termos criado as empresas estatais, o setor elétrico possuía capacidade de autofinanciamento. Na realidade, o que a MP 579 fez foi tirar do consumidor a possibilidade de expansão da geração e transmissão do sistema ao menor custo (capital próprio).

11:48 – Mendonça diz que “existe uma insegurança jurídica menor”! Não conhece o nível de judicialização que o setor enfrenta hoje no mercado sob o sistema criado lá atrás, no governo FHC. É o mesmo modelo! O governo Lula não mexeu nisso!

17:09 – Presença forte das agências??? Mais uma vez, ministro, faça uma pesquisa no Google para saber o tamanho do estado regulador americano (por exemplo, o número de funcionários). O Sr. vai ficar surpreso ao ver que as agências federais e estaduais têm mais de 100.000 empregados. A diferença é que, lá, elas fiscalizam e aplicam sanções que são cumpridas. Aqui, as empresas recorrem e não pagam nem as multas.

18:02 – O Ministro parece que veio de outro planeta. Sugerimos que leia a nossa série “Marteladas”.

As marteladas na Eletrobras I – Registro

para aprender que a Eletrobras vêm sendo fragilizada desde 1995! Por trás dessa fragilização, sempre empresas privadas ou grandes empreiteiras, que, hoje, não podem ser classificadas como virgens vestais. Ou podem?

19:26 – “A conta não vai subir” diz o ministro. Deve ser alguma mágica digna de prêmio Nobel, pois o MWh que hoje é “doado” por R$ 20, vai ser comercializado por R$ 200 e algum anjo celestial irá pagar a diferença. Como falar em aumento tarifário???? Vamos repetir: A indústria hoje paga + 134% do que pagava em 1995! Valor alto onde já está descontada a inflação! Há vários segmentos da indústria que estão mudando suas fábricas para o Paraguai por conta dos altos custos. 

20:02 – O risco hidrológico não depende de S. Pedro apenas. Depende da gestão dos reservatórios. Não é verdade que apenas as usinas cotizadas jogam esse risco para o consumidor. A gestão está sendo tão desastrosa que o déficit das usinas não cotizadas é bilionário. Qual a solução??? Estender o período de concessão para que o consumidor pague. Vai dar na mesma!

20:42 – O ministro confunde duas coisas. A receita das usinas cotizadas é ridiculamente baixa (por volta de R$ 20/MWh). A gestão desastrosa feita pelo governo Dilma/Temer fez com que os reservatórios se esvaziassem. Por conta dessa situação, totalmente distinta da cotização, os consumidores estão pagando caro, mas quem está lucrando não é a Eletrobras! São usinas térmicas, muitas privadas.

21:31 – Concordamos com a Elena! Sem agência reguladora não se pode dizer que sabemos privatizar. Se não sabemos, primeiro temos que aprender.

29:35 – A nossa estrutura das agências está longe de ser adequada. Aqui temos a ilusão de que regulação é emitir sinais econômicos na esperança de que a empresa se comporte de uma certa maneira. As agências brasileiras não têm poder de fiscalização FÍSICA! Alguém sabe de alguma ação própria da ANEEL para medir a qualidade dos serviços? Por exemplo, quem não sofreu “picos” de luz? A ANEEL poderia facilmente colocar medidores gráficos na rede para detectar esse defeito e apertar as empresas. Alguém já viu isso? É razoável ter a bagunça nos postes brasileiros e ainda vir alguém falar em eficiência???

31:26 – O corpo técnico da ANEEL está longe de ser qualificado. Independente de indicações políticas, técnicos assinam notas técnicas! A ANEEL tem diversos erros inaceitáveis para uma agência reguladora. O maior exemplo é a Nota Técnica no 385/2012-SER/SRG/ANEEL que definiu a metodologia da MP 579.

34:37 – O ministro não entendeu a carta dos governadores do Nordeste porque ainda acha que usinas hidroelétricas são meras fábricas de kWh que devem dar apenas lucro. Em parte, o que a carta do Nordeste quer mostrar é que há muitas outras questões envolvidas naquelas usinas. Na realidade, hidroelétricas deveriam ser assunto de vários ministérios.

36:25 – É irônico que se diga que o problema é “quando a indicação política não toma decisões a favor da empresa”. Essa tem sido a história repetida no país! Ou não?

38:15 – O Brasil é assim mesmo! O próprio ministro diz que o assunto foi tratado num “grupo muito restrito” para evitar “especulações”!!! Ora, desde quando um país democrático acha normal discutir um assunto dessa importância entre 4 paredes?? Se as ações das Eletrobras dispararam, o mercado está sabendo de decisões que serão tomadas SEM DEBATE. Especulação já está ocorrendo.

39:14 – No Brasil é assim mesmo! A não especialização do ministro na área de energia é festejada como uma vantagem!!

42:27 – Mais uma vez a palavra eficiência é usada como um mantra para deixar uma dúvida na cabeça da sociedade. O que é isso? É produzir mais energia com essas usinas? É dar mais lucro? É dar lucro com tarifas menores? Como se pode chamar de eficiente um modelo mercantil ainda vigente que elevou em mais de 100% a tarifa do mercado regulado e causou uma algazarra no mercado livre onde houve variação de preço de 7.000%. É isso mesmo que você leu! Variações de preço que, ou deixam bilionários alguns agentes ou quebram outros. Não há similar no mundo!!!

43:58 – Lógico que não houve celeuma sobre as privatizações já ocorridas. O povo sequer sabe que o setor elétrico já é majoritariamente privado há mais de 15 anos! Não sabe que o aumento tarifário foi concomitante com esse modelo! Ainda pensa que a culpa é da Eletrobras! Na realidade, conta-se com a contrainformação.

44:58 – Elena Landau, o sistema que a Sra critica como tendo a racionalidade destruída. No setor elétrico, posso garantir que o modelo é o mesmo do governo FHC.

48:00 – O sistema brasileiro, apesar de ter sido expandido com usinas a fio d’água, ainda é um sistema de gestão de reserva de longo prazo. Basta dizer que a capacidade de reserva do sistema é equivalente a 5 meses de consumo em todo o sistema. Se apenas uma parte, digamos uns 30% dessa energia for assumida por outras fontes (térmicas, eólicas e solar) essa reserva é ainda maior, o equivalente a 8 meses. Em anos úmidos, o total de energia disponível pode ultrapassar os 12 meses. Portanto, nem podemos afirmar que o sistema deixou de ser plurianial! O problema é que a transmissão exerce um papel crucial nessa complementação e está totalmente destruída financeiramente, em parte, também por conta da MP 579. Esse é um problema muito mal compreendido.

49: 36 – Onde estava o partido do Ministro quando foi decidida a construção de Belo Monte sob a tutela de prejuízos oclusos da Eletrobras? Na oposição???

50:00 – Quando o governo contratou térmicas a óleo e diesel em 2008, ao contabilizá-las na oferta, na realidade “contratou” um esvaziamento dos reservatórios, pois quem gera no lugar delas são as hidroelétricas. A conta fica cara e os reservatórios vazios!

56:10 – Como o ministro é compreensivo com a Samarco! Isso é típico de um país que não preza sua própria geografia! Um rio não vale a Vale privada!!! Alguém pode imaginar vergonha maior?

1:07:00 – Pinguelli toca no ponto crucial! O único centro de pesquisa brasileiro em eletricidade é da Eletrobras! O CEPEL seria o centro mais importante do país na mudança tecnológica que se vislumbra no mundo. Veículos elétricos de um lado e células fotovoltaicas do outro são mais do que evidentes no desenvolvimento. Mas o centro foi sequer citado! Será privatizado? Os novos donos vão manter esse “custo”?

Preparem-se: AUMENTOS DE TARIFA!

 

 

 

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