Roberto Pereira D´Araujo
Volto ao tema, não por teimosia, mas porque acarreta um grande incômodo perceber que dados, números, medições, valem menos do que opiniões na nossa mídia e até nas redes sociais.
Indo direto ao assunto, a tal crise hídrica batizada de Escassez e que gerou uma bandeira tarifária mais cara do que a energia de uma usina nova (R$ 142/MWh), só ganha no campeonato da “secura” do Período Crítico (1949 – 1956) , no Photochart do Jockey.
Como já mostramos diversas vezes, o esvaziamento dos reservatórios vem ocorrendo desde 2014. Estamos lidando com um estoque de mais de 200 TWh de energia! Por isso a comparação com a série de anos.
Sendo assim, vejam abaixo:
Fonte: ONS
- Na segunda coluna, com os anos correspondentes, em vermelho claro, os dados da energia afluente no período crítico em MW médios. Atenção, essa é a energia associada às afluências históricas se ocorressem no sistema atual!
- Na quarta coluna, com os anos correspondentes, em verde claro, os dados da energia afluente na escassez hídrica em MW médios.
- Na quinta coluna o déficit de energia da Escassez em relação ao Período Crítico. Vejam que nos anos 1953, 1954 e 1955, o Período Crítico é que teve déficit em relação à Escassez. E não foram pequenos. Em 1953, uma energia afluente 28% mais “seca” do que a escassez.
- Mas, com dados até agosto de 2021 e agosto de 1956, a Escassez vence o campeonato de secura por apenas 145 MW médios (0,4%).
Os dados se referem ao sistema Sudeste e Centro Oeste porque nessa região se concentra 70% da capacidade de reserva de todo o sistema. Os críticos poderão argumentar que as outras regiões não estão consideradas. Para contraditar, mostro as energias naturais em % da média de longo termo para todo o sistema interligado.
Fonte: ONS
É impossível não reconhecer que, mesmo com as outras regiões consideradas, o Período Crítico é muito semelhante à Escassez.
Por que esse tema é importante e é lamentável que não esteja sendo salientado?
- Porque é dado histórico superimportante no planejamento do sistema. Como não citar?
- Porque mostra que o discurso da surpresa, da tragédia, do ineditismo não tem fundamento.
Por que esse discurso da tragédia é repetido quase todos os dias na mídia e nas redes sociais?
- Porque o cenário dramático tenta esconder que, na realidade, não houve investimento suficiente para enfrentar uma realidade registrada no histórico!
- Porque, como o atual governo “vende” a ideia de que o setor privado irá resolver os problemas com a eminente privatização da Eletrobras e, como nosso sistema já é majoritariamente privado em todas as etapas, pode ser que alguns desconfiem e finalmente percebam que tal performance esteve longe de ser alcançada.
Vejam outras evidências em:
http://www.ilumina.org.br/eles-nao-querem-que-voce-saiba/
http://www.ilumina.org.br/o-plano-e-a-realidade/
Se concordarem, nos ajudem a divulgar essa enganação tão básica.
Os reservatórios se esvaziaram por falta de investimento!
Grato!
4 comentários para “Só no “photochart”!”