Um olhar abrangente sobre o Brasil

Roberto Pereira D´Araujo

O resultado das eleições mostrou uma sociedade bem mais desinformada do que se imaginava. O efeito dessa absoluta falta de conhecimento é o agravamento do espectro de extrema direita que favorece o individualismo e rejeita qualquer ponto de vista coletivo.

Thomas Zicman , pesquisador do Centro de Pesquisas Políticas da Sciences Po Paris, identifica, ainda, traços em comum com a onda de extrema direita vista em outros países, como a França ou a Itália, num contexto de desigualdades e pobreza crescentes e perda de poder aquisitivo. Líderes como a francesa Marine Le Pen ou a italiana Giorgia Meloni conseguem dialogar com essas angústias nas populações, ao se reivindicarem como defensores da família e dos valores.

A diferença, entretanto, é que “Bolsonaro não tentou se normalizar, arrefecer o seu discurso para parecer mais centrista, como vimos na França”, nota o pesquisador. “Ele foi normalizado como ele é.”

Na economia, a principal tese que domina uma grande parcela da população é que o Brasil deve privatizar todas as atividades públicas tal como foi feito com a Eletrobrás. Um descrédito na estrutura pública e coletiva.

Pelos resultados das eleições estaduais, Cemig, Copel e Celesc serão as próximas empresas privatizadas.

O que o eleitor desconhece ou esqueceu é que o Brasil não começa a privatizar agora. Abaixo, a lista de empresas privatizadas desde a década de 90.

Siderurgia – Usiminas, Cosinor, Piratini, CST, Acesita, CSN, Cosipa e Açominas.

Petroquímica – Petroflex, Copesul, Copene, Polisul, Petroquímica União, Polipropileno, Álcalis, e mais 19 pequenas indústrias.

Fertilizantes – Indag, Fosfértil, Goiásfértil, Ultrafértil, Arafértil.

Elétrico – Escelsa, Light, Gerasul, CERJ, COELBA, Cachoeira Dourada, CEEE, CPFL, CEMAT, Energipe, Cosern, CELPE, CESP Paranapanema, CESP Tietê, CEMAR, CELG, Eletropaulo, Eletrobras e Rede Básica de Transmissão.

Transportes – Malhas da Rede Ferroviária Federal, Mafersa, Ferroeste, Metrô, Conerj, Flumitrens, Menezes Cortes, Diversas Rodovias.

Mineração – Caraíba, Vale do Rio Doce.

Portos – Santos, Capuaba, Sepetiba, Rio, Angra, Salvador, Aeroportos

Financeiro – Meridional, Banespa, BEG (Goiás), BEA (Amazônia), BEM (Maranhão), BEC (Ceará), BEMGE (Minas), Bandepe (Permanbuco), BANEB (Bahia), BANESTADO (Paraná).

Gás – CEG, Riogás, COMGÁS, Gás Nordeste e Gás Sul.

Outros – EMBRAER, DATAMEC, IRB Seguros, CEDAE.

Telecomunicações – CRT (Rio Grande do Sul), TELESP, Tele Centro Sul, Tele Norte Leste, Embratel, Telemar.

Abaixo, o resultado da posição da renda do Brasil em relação ao mundo. Fonte:https://www.imf.org/external/datamapper/NGDP_RPCH@WEO/OEMDC/ADVEC/WEOWORLD

O que resulta numa perda acumulada de 50% em relação à posição de 1980.

Aqueles que entendem e lamentam esse trajeto descendente precisariam mostrar esse resultado como uma evidência do efeito negativo dessa mudança de política, que deposita uma expectativa fantasiosa sobre o capital. Algo está muito errado. Fica a dica.

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