Um olhar para além do petróleo



Universidades do Rio e Reino Unido fazem acordo para pesquisa de energias renováveis

Rafael Rosas JB 27/5



ABERDEEN, Reino Unido – Base da exploração britânica de petróleo no Mar do Norte, a cidade escocesa de Aberdeen tem como meta ser a primeira do mundo a ser inteiramente abastecida por fontes de energia renováveis – principalmente hidrelétrica, eólica, das marés e das ondas – num momento em que a atividade de produção de óleo na região começa a dar sinais de esgotamento. A adoção de fontes renováveis de energia foi discutida durante a semana no Congresso Mundial de Energia Renovável 2005 (WREC 2005).



– Temos o projeto de gerar 18% da eletricidade usada na Escócia de fontes renováveis em 2010 e elevar este patamar para 40% em 2020 – afirma o primeiro-ministro adjunto escocês, Jim Wallace.



Especialistas afirmam que as metas do governo escocês são não apenas possíveis, mas também necessárias, em um quadro atual de dependência do petróleo.



– A Noruega está entre os principais exportadores mundiais de petróleo, só que mais de 90% da eletricidade do país tem origem na matriz hidrelétrica, o que os deixa numa situação muito mais confortável que a nossa – explica Jeremy Cresswell, diretor do Grupo de Energia Renovável de Aberdeen (Areg, na sigla em inglês), que encabeça os estudos sobre o desenvolvimento de renováveis. Atualmente, na Escócia, apenas 10% de toda a eletricidade vem de centrais hidrelétricas.



No Reino Unido, segundo Iain Todd, membro do Areg, 90% da energia usada atualmente vem de combustíveis fósseis.



– Aberdeen atingiu o objetivo de ser um centro mundial de renováveis. Por que a Escócia não pode ser a primeira nação com energia totalmente renovável? – pergunta Todd.



O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, lembra que o governo do estado assinou em 1999 um memorando de entendimentos com Aberdeen para troca de informações sobre o setor de energia, já que a produção fluminense de petróleo responde atualmente por 83% do total brasileiro.



Agora, com o declínio previsto para a atividade de petróleo no Mar do Norte e a necessidade do governo britânico, e de Aberdeen em particular, de buscar a produção alternativa de energia, o WREC 2005, que termina hoje, serve de palco para que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) assinem acordos com a Universidade de Aberdeen e a Robert Gordon University para intercâmbio entre pesquisas relacionadas à geração de energia renovável.



– O Rio já desenvolve alternativas na geração de energia, para não depender apenas do petróleo – diz o secretário.



Victer afirmou que o governo do Estado disponibilizou R$ 1 milhão em recursos para cada centro, contando com o apoio de empresas de geração como a TermoRio, que destinam 1% de seu investimento total para pesquisa e desenvolvimento, além de 0,1% da renda líquida disponíveis especificamente para projetos de renováveis.



A Uerj criou o Centro de Estudos e Pesquisa em Energia Renovável (Ceper) há um ano, unificando estudos já existentes na universidade sobre geração eólica e solar.



Na Uenf, o Núcleo de Energias Alternativas (Neal) foi criado há 14 meses e já posui duas unidades, uma em Campos – com foco em biodiese e células de combustível – e outra em Macaé, onde são estudadas as gerações eólica e solar.



O Neal trabalha inicialmente com um orçamento de R$ 800 mil, que será usado para a criação de um parque modelo totalmente abastecido por fontes renováveis de energia.

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