Uma contenda interessante: Usina a óleo x Sol

 

  • Uma das maiores usinas térmicas a óleo combustível que atua no sistema interligado brasileiro é a térmica SUAPE II. Ela tem uma potência de 381,2 MW e fica no estado de Pernambuco.

  • Essa é a praia de Boa Viagem em Recife, um dos bairros mais conhecidos e ricos da capital ocupando uma área de 753 hectares (7,53 km2)

  • E esta é uma placa fotovoltaica de pouco menos de 2 metros quadrados. Segundo o PROCEL essa placa de 2 m2 produz 40 kWh/mês, ou 20 kWh/m2/mês ou ainda 240 kWh/ano/m2.

O Gráfico abaixo mostra a geração da térmica de fevereiro de 2017 até janeiro de 2012 (12 meses) em GWh. Nesses 12 meses essa usina gerou 1477,74 GWh a um custo estimado de R$ 650.205.974,44. Assume-se um custo de operação de R$ 440/MWh.

  • Fazendo as contas, com a produtividade apontada, 6,16 km2 de placas fotovoltaicas (82% da área do bairro Boa Viagem) gerariam o total da térmica, que é uma das maiores do Brasil.

O uso do bairro é apenas para dar um exemplo do que uma geração distribuída é capaz de fazer.

Vamos supor, por absurdo, que todas essas placas sejam instaladas nos tetos dos prédios, casas, shoppings, supermercados do bairro. O que acontecerá com o consumo de energia de Boa Viagem?

  • No período de sol, com grande probabilidade, todos esses telhados vão gerar a energia da usina SUAPE II. Certamente gerariam mais, pois se o total anual equivale a toda energia da térmica e os telhados geram apenas no período de sol, superam a térmica.
  • Portanto, o sistema perceberia uma diminuição da carga do bairro no período de sol.
  • O operador ou diminuiria a geração de SUAPE II ou reduziria a geração das usinas do São Francisco guardando água.

Portanto, qual é o aspecto crucial que podemos ver através desse exemplo um tanto exagerado? A política de operação muda e, como se sabe, no nosso singular sistema, isso altera muita coisa.

O que precisamos mostrar é que uma atitude que parece individualista no nosso singular setor tem efeitos sistêmicos e benéficos. Ao contrário do que propagandeia o governo, o futuro exigirá mais coordenação, mais políticas definidas a partir de óticas coletivas. Claro que existem outros problemas elétricos que não estamos levando em consideração, mas o nosso problema energético e de alto custo parece pedir alguma solução. Essa é uma, e ninguém está estudando.

Para finalizar, que políticas poderiam ser adotadas para economizar R$ 650 milhões em um ano?

  8 comentários para “Uma contenda interessante: Usina a óleo x Sol

Deixe um comentário para Roberto D'Araujo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *