Usinas do complexo do rio Madeira em debate

Deputados e agentes debatem implantação de usinas do Rio Madeira
Comissão da Amazônia realizará nova audiência no dia 16 de maio para debater as potencialidades de negócios na região


F.Couto,Agência CanalEnergia


A implantação de projetos estruturantes como base da expansão energética nacional continua abrindo espaço para debates entre os principais agentes envolvidos. Deputados federais entraram em cena com a realização, nesta terça-feira, 9 de maio, de uma audiência pública sobre a implantação do complexo hidrelétrico do Rio Madeira (RO, 6.450 MW). Participaram do evento, entre outros, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e o diretor-presidente da Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica, Claudio Sales, entre outros. No próximo dia 16 de maio, a Comissão da Amazônia realizará nova audiência para debater as potencialidades de negócios na região.


Na audiência pública, promovida pelas comissões da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional; e de Minas e Energia, o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), defendeu a implementação do empreendimento, que tem previsão de investimentos da ordem de R$ 20 bilhões. Para o parlamentar, um dos autores do pedido de audiência pública, o empreendimento é importante para o desenvolvimento da região, ainda que o país tenha que pagar um pouco mais caro pela energia, segundo informou a Agência Câmara.


No entanto, Valverde alegou que o projeto ainda apresenta dúvidas, não sanadas na audiência, como a viabilidade financeira. Na avaliação do deputado, é necessário esclarecer quanto custará o projeto para o governo e os benefícios que vai gerar para o país. Outro parlamentar autor do pedido de audiência, deputado Miguel de Souza (PL-RO), salientou os reflexos da obra na integração de infra-estrutura energética e de transportes entre Brasil, Bolívia e Peru, além da possibilidade de interligação elétrica dos estado de Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso.


Já o secretário Márcio Zimmermann destacou que o país precisa investir na diversificação da matriz energética, como forma de garantir a oferta de energia. Segundo ele, a energia produjzida apenas por hidrelétricas não atende à demanda do mercado. O Plano Decenal da Expansão de Energia Elétrica indica a necessidade de adição média de 3 mil MW por ano até 2015.


Já Claudio Sales, da CBIEE, chamou a atenção para os custos adicionais demandados com a usina. Segundo ele, as estimativas iniciais dos custos de transmissão – envolvendo a conexão entre as usinas e a rede e os reforços na malha atual – indicam valor da ordem de R$ 10 bilhões, além dos R$ 20 bilhões previstos para a construção do empreendimento. O executivo sugeriu a alocação ao custo total do projeto, o que promoverá competição eficiente com outros projetos, na visão de Sales. Ainda de acordo com ele, as usinas do Rio Madeira – Santo Antônio e Jirau – não deveriam ser negociadas em leilão exclusivo, mas junto com outros empreendimentos de menor porte.


O executivo também ressaltou a existência de riscos ambientais embutidos no negócio, que giram em torno de fatores como a imprevisilidade nos processos no tocante à exigências e compensações. A questão foi ressaltada na última semana pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que admitiu um licenciamento difícil para a usina. Para Lula, o licenciamento do complexo hidrelétrico será uma “guerra”.