Apagão de março foi causado por falha humana, confirma ONS – Estadão

Análise do ILUMINA:  Para um desligamento da energia de mais da metade do país com retorno após mais de 6 horas, a explicação é de que “alguém” fez um ajuste indevido num disjuntor.

Numa sociedade assoberbada com tantas más notícias, a explicação serve. Qualquer coisa serve! Mas, se imaginássemos sermos um país que se preza, evidentemente está tudo muito mal esclarecido.

O ILUMINA só tem a dizer o seguinte: Os modelos adotados no Brasil têm a característica de complicar coisas simples e encarecer o que deveria ser barato. Tudo parece muito complexo, mas essa “indústria” é do século passado. Tudo se resume a turbinas que giram transformando energia do movimento em energia elétrica transportadas por fios até os consumidores. A teoria física remonta ao século 19. Seu controle está baseado na observação da frequência da corrente transmitida. Quando energia em demasia é gerada, a frequência de 60 Hz sobe e uma redução pode ser feita quase de imediato. O inverso também ocorre. Se a frequência cai, mais geração é necessária. Apesar da simplificação, a essência é essa.

O Brasil, por características exclusivas de sua geografia, construiu um sistema que integra todas as usinas num único sistema com grandes vantagens. Quanto mais coordenado, melhor. Mas, em nome da ideologia da privatização de tudo, essa coordenação que deveria ser rígida, vai sendo substituída pela fragmentação. Hoje temos vários donos de usinas e linhas com equipes distintas que, por força da física da eletricidade, têm que se encontrar nas subestações, os nós onde as linhas se encontram. Daí já é possível imaginar os conflitos que podem ocorrer.

Mas essa não é a única fragmentação da teoria eletromagnética de Maxwell! O ONS opera um sistema que não foi planejado por ele. As definições técnicas e seus respectivos custos são definidos em tempos diferentes da operação real. Para completar, todas as contas dessa confusão são feitas por outro órgão. Nem o operador e nem o planejador. Mais órgãos….mais custos.

É possível fazer direito mesmo assim? É! Mas, como diz o presidente do ONS, “Se estivesse como o planejado você teria dois barramentos. Se o sistema estivesse completo, não aconteceria”.

Portanto, fazemos mal e vamos consertando aos poucos. Mal e mais caro.


Denise Luna, O Estado de S.Paulo

06 Abril 2018 | 12h58

O Operador Nacional do Sistema (ONS) detectou falha humana durante a investigação do apagão ocorrido em março, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. De acordo com o diretor geral do órgão, houve erro na instalação do disjuntor, que não deveria “abrir” (deixar de conduzir energia).

“No disjuntor deveria ter apenas um alarme, não precisa ter abertura, depois do alarme se reduz a geração na mão. Indevidamente, tinha uma ordem de abertura no valor indevido”, explicou Barata. “Alguém programou esse ajuste e o ajuste foi indevido”, reafirmou.

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Um relatório sobre a ocorrência será entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 15 dias, que será a responsável por notificar as empresas envolvidas, Eletrobras e State Grid, sócias da Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE) para mais explicações e eventuais multas. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) também poderá ser notificada depois de o ONS ter identificado também falha na operação da usina de Paulo Afonso durante a ocorrência.

De acordo com Barata, 98% das linhas de transmissão do Nordeste saíram de operação e 86% do Norte. No Sudeste os apagões ocorridos por falta de carga foram pontuais, observou.

“A região Nordeste foi a mais castigada, no Norte teve duração 2 horas”, disse Barata, informando que no Nordeste a primeira ocorrência de falta de energia foi registrada 16h30 e o último religamento foi às 22h20 .

Barata admitiu que se a Abengoa não tivesse entrado em default e abandonado o projeto é possível que o apagão não tivesse acontecido, já que os dois barramentos do projeto já teriam sido construídos e a segurança seria maior. Segundo ele, no momento o segundo barramento já foi finalizado e a linha de transmissão está operando normalmente. “O alarme já foi instalado”, informou.

“Se estivesse como o planejado você teria dois barramentos. Se o sistema estivesse completo, não aconteceria”, afirmou.

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