Terceirização


Asempre recorrentenotícia da substituição de Pinguelli na Eletrobrás vem confirmar a partidarização de cargos em empresas públicas em nome de “governabilidade”. É uma demonstação de fragilidade e também do continuismo de uma prática que está no centro da crise da sociedade brasileira, o fisiologismo. Vindo do PT, é uma grande decepção, pois esperava-se que esse partido, que sempre criticou esse método, inaugurasse uma nova era na política brasileira.



Muitos chegam a justificar a política de privatização do governo anterior como uma maneira de diminuir o tamanho do estado, reduzindo a cobiça por cargos que, em empresas públicas, jamais deveriam ser preenchidos por critérios políticos. Entretanto, pelo que se viu na prática das privatizações brasileiras, a ausência de critérios de interesse público também foi uma constante. (Vide caso AES – Eletropaulo). Portanto, não se trata do tamanho do estado, mas da qualidade do mesmo. Um estado, quando prisioneiro de interesses que não servem à sociedade, está impregnado em quase todas suas estâncias.



As duas notícias abaixo são lamentáveis! Na prática, pode-se dizer que o PT terceirizou a fazenda para o PSDB e agora começa a terceirizar sua área energética para o PMDB de Sarney. Independente das consequências das mudanças, quem votou em Lula não esperava ver esses dois ex-presidentes tão influentes.







PMDB terá diretorias de estatais (Globo 17/04/04)


Ilimar Franco e Adriana Vasconcelos


BRASÍLIA



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abrir seu governo para acomodar o PMDB. Além de mudar a estrutura de cargos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para dar duas diretorias e uma vice-presidência para o PMDB, a negociação com a cúpula do partido em jantar anteontem, no Palácio da Alvorada, incluiu a demissão do presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, ligado ao PT e da cota da comunidade científica, para acomodar a indicação de um apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney (AP). Foram suspensos até vetos do próprio Planalto, como ao ex-senador Carlos Bezerra, visto com reservas por alguns aliados mas que foi imposto pelo partido para a direção do INSS.



Pinguelli será substituído pelo atual presidente da Eletronorte, Silas Rondeau. Segundo um dos peemedebistas presentes, no Banco do Brasil serão criadas as diretorias de Crédito Cooperativo e de Microcrédito, e na CEF, a vice-presidência de crédito. Serão beneficiados com indicações senadores como Luiz Otávio (PMDB-PA), vetado para ministro do TCU por causa de um processo por desvio de recursos públicos, e Romero Jucá (PMDB-RR), que está sendo investigado a pedido da Procuradoria Geral da República pelo envolvimento no desvio de R$ 20 milhões de recursos públicos. Luiz Otávio vai indicar o diretor de projetos da Eletrobrás.





FHC e Palocci trocam elogios em fórum (Folha de S. P. 17/04/04)


JULIA DUAILIBI


ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)


O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foram protagonistas ontem de um encontro amistoso, marcado pela troca de elogios.


Palocci chegou a dizer que a “dedicação” de Fernando Henrique e de sua equipe foi importante para tornar o Brasil um país equilibrado. O tucano já havia dito, horas antes, que graças ao ministro havia sido possível “repor o país em um situação razoável”, após as eleições de 2002.


O ministro fez as declarações no Fórum Empresarial, na ilha de Comandatuba, sul da Bahia. FHC, que havia feito uma exposição pela manhã, estava presente na palestra de Palocci, que disse não se sentir “ofendido” quando comparam sua política econômica com a do governo anterior.


O mediador do encontro, João Doria Jr, pediu para o ex-presidente que fizesse a última pergunta ao ministro da Fazenda. “Não estava combinado”, brincou FHC: “Eu não vou fazer pergunta. Ouvi com muita atenção tudo o que disse o ministro da Fazenda. Não sei se eu devo dizer, [mas] eu concordo. Concordo que há uma agenda que tem de continuar, uma agenda de reformas, de transformação. Só lamento que essa agenda não tenha sido consensual alguns anos antes”.




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